terça-feira, 9 de outubro de 2007

OS ADVENTISTAS GOSTAM DE ADMINISTRAR A IGREJA COM MÃO DE FERRO


Quando George Knight fala sobre perigos do adventismo contemporâneo, costuma mencionar a ênfase na estrutura. Como gostamos de instituições, prédios bonitos e máquinas administrativas extremamente burocráticas. Não é só isso que nos agrada. Temos especial apreço pelo sucesso. O número de batismo, deve ser crescente! O percentual de dízimos? Aumentar. As associações? Dividirem-se. Medimos a fidelidade à missão pelo progresso da estrutura.
O risco desta percepção é colocar demasiada confiança no elemento humano. Por trás de tudo isso, ainda há um transfundo curioso: a crença de que seremos nós, com nossos esforços e disposição, com o crescimento extraordinário que alcançamos, que traremos Jesus mais cedo à Terra. Daí surgem referências a Mateus 24:24, que sofre completa descontextualização e passa a ser interpretado como se o agente determinante para a pregação fosse o homem, não Deus.
Qualquer análise mais séria do tema provaria que Deus é o agente do texto: é Ele quem prega o evangelho, não nós. Claro que o Senhor dispõe do elemento humano, mas, em última instância, Ele encerrará a pregação. Dentro da nossa mentalidade pragmática, a análise contextual do versículo não serve; é preferível a versão que transforma a pregação do evangelho em um ramo empresarial, com metas a cumprir.
Se a análise bíblica mais cuidadosa é evitada por suas implicações, que dizer de qualquer crítica às tendências que nos atrasam? O triunfalismo estabelecido não permite críticas, sugestões, muitas vozes pensantes. O que se permite é aquilo que é útil e funciona para o momento. Porém, quando a reflexão, a oração, as orientações bíblicas dão lugar ao empreendedorismo e à privatização do capital espiritual, a igreja não pode receber todas as bênçãos que o Espírito gostaria de lhe conceder.
Pode parecer duro reconhecer que estamos aquém de nossa missão por nosso zelo equivocado. Muitas vezes, entretanto, tudo sugere ser o caso. Os primeiros adventistas eram erroneamente contrários a toda forma de organização – uma infeliz herança milerita. Demorou décadas para que percebessem a necessidade pungente de terem organização suficiente que lhes permitisse desenvolver a missão. Hoje estamos em outro extremo – e todo extremo traz riscos.
Por outro lado, deveríamos nos ajustar ao que a Bíblia nos diz, sem recorrer ao pragmatismo evangélico. Somos uma igreja, um corpo organizado obediente a Cristo, ou uma espécie de empresa da fé, com suas facções, planejamento estratégico, peças de marketing e presença na mídia? Deus nos chamou para ser mais do que enxergamos. E ele, que nos destinou ao triunfo final, deseja que aproveitemos as oportunidades para conhecer o plano que reservou para nós, o mesmo que se acha revelado na Bíblia e no Espírito de Profecia. Se deixarmos de atender essas orientações, substituindo-as pelas nossas metas e sonhos, não podemos contar que Deus nos abençoe durante o processo.
A igreja, que é a menina dos olhos do Senhor, precisa operar sob as orientações dAquele que em breve voltará. E, quando isso acontecer, haverá toda a diferença do mundo.


sábado, 6 de outubro de 2007

“O SENHOR ME REVELOU QUE…” - DOIS BREVES RELATOS SOBRE COMO FALSAS REVELAÇÕES TÊM CONFUNDIDO E DESORIENTADO CRISTÃOS NA ATUALIDADE


REVELAÇÃO ATUAL X REVELAÇÃO ESCRITURÍSTICA


No ano de 1998, durante uma semana de oração que estive realizando, conheci o Serjo. Eu voltava de ônibus para a minha casa ao final da reunião. Num destes dias, eu aproveitava o trajeto para ler. Logo que percebeu que eu estava lendo a Bíblia, Serjo se aproximou e começou a fazer algumas perguntas. Ele pertencia a uma igreja evangélica, o que não lhe impediu de aceitar meu convite para juntos estudarmos a Bíblia. Marcamos então para que eu fosse em seu lar.

Apesar de haver nascido em Guarulhos, eu não conhecia o bairro Fortaleza, onde o Serjo residia. Tomei minha condução sabendo que desceria um ponto antes do final. Quando cheguei ao meu destino, o ônibus seguiu por uma estrada, até desaparecer atrás de uma montanha, na linha do horizonte. Pareceu-me estar dentro de uma cena de filme! “Aonde eu vim parar?”, fiquei pensando.

Deus conduziu a situação, de modo que pude começar os estudos com o Serjo. À medida que progredíamos, crescia sua convicção a respeito de que o sábado era o dia a ser respeitado pelos cristãos.

Um dia ele me contou que, pelo fato de sua denominação ter sido fundada há poucos anos, ainda havia reuniões periódicas para os líderes discutirem acerca de quais doutrinas poderiam ou não ser adotadas por eles. O Serjo estava disposto a participar, com o objetivo de levar a mensagem do sábado para a assembléia de líderes. Eu o previni de que ele sofreria oposição de forma geral. Ainda assim, fiz o que estava ao meu alcance para preparar o Serjo, dando-lhe o máximo de instrução bíblica sobre o tema do sábado. E orei muito! Depois de alguns dias, o resultado me surpreendeu.

No decorrer da reunião a que Serjo compareceu, um dos pastores de sua denominação, que possuía o “dom de revelação”, o abordou em particular. Diante da “revelação” do tal pastor, toda a convicção bíblica que aquele rapaz possuía caiu por terra.

É lamentável como alguns substituem a verdadeira revelação do Espírito Santo, presente nos escritos inspirados, por outra, que pretendendo ser verdade espiritual, entra em contradição com a primeira. Como acreditar em um Espírito Santo que no presente “revela” o contrário do que disse no passado? Para mim, ficou claro que o pastor que esteve com o Serjo falou por um espírito - mas, definitivamente, não pelo Espírito Santo.


MUDAM AS CIRCUNSTÂCIAS, MUDA A REVELAÇÃO

Conheci Florinda em sua casa. Uma senhora de olhar piedoso, voz sempre baixa, desgastada pelo desânimo. A sua história: Primeiro, um problema de cicatrização nos dedos do pé direito. As suspeitas da Medicina. A confirmação: Florinda deveria amputar o pé direito. Mesmo em face do risco da situação se agravar, Florinda decidiu-se por esperar. Membro de uma das mais tradicionais denominações pentecostais do Brasil, ela ouvira de um líder religioso a “revelação” de que Deus a curaria antes que precisasse passar por uma intervenção cirúrgica.


Conforme o tempo passava, o quadro de Florinda ia se agravando. Ao mesmo tempo, havia uma promessa de Deus no sentido de ela seria curada. Era estupendo o dilema moral enfrentada por aquela mulher sincera em sua fé. Em busca de uma orientação, Florinda entrou em contato com o mesmo líder religioso que lhe fizera a “revelação” inicial de que não seria necessária a cirurgia. Vendo a situação de Florinda, o homem declarou que o Senhor permitia agora que a operação se realizasse. Ocorreu que, devido à demora, além do pé, a perna direita também teve de ser parcialmente amputada.

Os casos acima mostram como a desorientação, em alguns casos, e a falácia, em outros, por parte dos líderes religiosos podem ser prejudiciais às pessoas sinceras, que se põem na dependência de seus mentores quanto às decisões pessoais, quer quando o assunto trate sobre a preservação da vida, ou de esclarecimento espiritual, ou de foro familiar, entre outros. Seja como for, muitos estão sofrendo por colocarem sua confiança em homens que não se orientam (e, conseqüentemente, não orientam as pessoas sob sua influência) de acordo com o todo da Revelação divina. Infelizmente, além desse comportamento, comum em alguns segmentos religiosos, desnortear, alienar e usar de má fé com os seus respectivos fiéis, ainda traz desonra a mensagem cristã, fazendo com que a imprensa secular questione o próprio valor da religião cristã. Ou seja, pessoas são enganadas e Deus é ofendido!

Leia também: (O Bispo) poema que descreve os abusos em nome da fé