quarta-feira, 30 de abril de 2008

COLHA O DIA



Depois de viver obcecada pelo futuro, Jenifer descobriu o prazer das pequenas coisas – passear na praia, telefonar para os amigos, sufocar antigos rancores, comer bolinhos de chuva, levantar-se depois das dez – enfim, ela entendeu que a vida é feita de pequenos momentos que devem ser vividos ao máximo e no presente. Este relato poderia servir de desfecho para qualquer comédia romântica. Mensagens assim aparecem também em músicas, livros e até em discursos religiosos.

Aliás, este tema acompanha a Literatura ocidental desde os gregos. Os melhores líricos cultivaram o gênero que recebeu o nome de carpe diem (“colha o dia”, expressão de Horácio, poeta latino que inovou o gênero). “[…]O sentido é, pois, apanhar o tempo correto, destacando-o do abstrato tempo da vida.” (Francisco Achbar, “Lírica e Lugar-comum – alguns temas de Horácio e sua presença em Português, p. 94). Na prática, o carpe diem é um convite para se aproveitar o dia de hoje, já que não se tem certeza do amanhã, que merece ser ignorado, porque talvez jamais chegue a existir. Não existe, dentro desta visão, limites para se promover o prazer ao máximo (essa busca pelo prazer como um objetivo é chamada de hedonismo). Isto soa familiar?

Mesmo se para alguns o nome “Horácio” não signifique nada além de um dinossauro verde das história em quadrinhos, a influência grega ficou. Milhares “colhem o dia” junto com as conseqüências de um estilo de vida egoísta e irresponsável. Abortos. Embriaguês. Doenças venéreas. Culpa. Depressão. Há saída?

Claro que a Bíblia também trata da brevidade da vida. Salomão nos aconselha a aproveitar nossa curta existência; escrevendo o Eclesiastes, no qual o sábio insiste mais no assunto, ele fala diretamente aos jovens através de um poema (Ec. 11:9-12:8). Este texto se constitui no auge do livro de Eclesiastes e não seria exagero colocá-lo entre os melhores poemas da Literatura Mundial (Horácio teria inveja!).

Na passagem, Salomão nos apresenta a juventude como época de aproveitar a vida – “satisfazer o coração”, “agradar os olhos”, “afastar o desgosto” e “mover a dor da carne”. Ao mesmo tempo, ele nos lembra que a juventude não é eterna, mas será sucedida pelos “maus dias”, forma não muito simpática de se referir à velhice. De forma majestosa, o poeta bíblico usa metáforas para descrever os efeitos do tempo sobre o corpo, em termos que lembram uma tempestade sobre as cidades do oriente médio.

Certo. Mas o que Salomão tem em mente quando se refere a aproveitar a vida? Acontece que a maneira de se aproveitar a vida não está focada no prazer imediato – mas tendo em vista o compromisso de obediência a Deus (Eclesiastes 11:9, 12:1; também na conclusão, 12:13).

Podemos olhar para a vida não como pedaços de momentos, mas como um todo – mais ou menos como uma blusa de lã, onde cada “carreira” contribui para formar a peça completa. Do contrário, querendo “curtir o momento”, cedo ou tarde, faremos algo de que nos arrependeremos (Ec.12:1).

sábado, 26 de abril de 2008

O CURANDEIRO, O SAPO E A VÍTIMA


Um comerciante da cidade de Pindamonhangaba, a 145 km da capital paulista, morreu nesta quarta-feira (23) após passar veneno de sapo no próprio corpo, de acordo com policiais do 5º Batalhão do Interior.

Segundo informações dos investigadores que acompanham o caso, o homem, de 52 anos, foi orientado por um curandeiro da cidade. Ele teria dito que esse procedimento afastaria das drogas o filho da vítima.

De acordo com a polícia, o jovem também passou o veneno de sapo no corpo, mas não apresentou reações. O curandeiro, que segundo os policiais confessou ter orientado o uso do veneno, pode ser processado por exercício ilegal da medicina e acusado de homicídio.

O boletim de ocorrência foi registrado no 1º Distrito Policial de Pindamonhangaba. Um inquérito será instaurado para apurar a responsabilidade do curandeiro no caso. Ainda segundo a polícia, o laudo com o resultado de um exame toxicológico, que vai comprovar a causa da morte do comerciante, pode demorar de oito meses a um ano pra ficar pronto.


Confiar à vida aqueles que consultam "artes mágicas", ocultismo, espiritualismo ou qualquer outra forma de misticismo pode não trazer consequências tão imediatamente trágicas, mas todos que preterem o conselho de Deus às práticas citadas deixam de receber a verdadeira luz (Isaías 8:19 e 20)

CONSUMO DE MACONHA É CELEBRADO EM CIDADE CANADENSE


O último sábado no Brasil, dia 20 de abril, fez parte de um feriado prolongado. Enquanto muitos por aí viajavam e tentavam aproveitar um raro momento de descanso, por aqui o centro de Vancouver era tomado por uma fumaça. Mesmo com os fortes ventos que atingem a cidade vez ou outra, ela teimava em ocupar os espaços entre os espelhados arranha-céus.

A data na América do Norte é mais conhecida como 4/20. No Brasil, obviamente, é o contrário. E, entre a Comunidade Cannabis, o número tem um significado especial: é uma forma de fazer referência ao consumo da maconha.

"Oficialmente", trata-se do Dia da Maconha e o momento de celebração ao ar livre do hábito de dar umas baforadas por aí. Mais do que isso, a data em si é também o "horário mundial" para se acender um baseado, exatamente às 4:20.

Não que a província de British Columbia e a cidade de Vancouver, mais especificamente, precisem de um dia especial para que os adeptos possam fumar à vontade pelas ruas. A região possui um "código de conduta" que vigora entre a polícia local e os usuários.

Fuma-se sem problema por aqui. Nas ruas, nos parques, em shows, em ginásios, dentro dos carros... e a polícia não se incomoda. Desde que você não seja pego em flagrante vendendo, comprando ou cultivando, não há problema. Por outro lado, abra uma cerveja na rua e você, provavelmente, terá um final de noite antecipado. E na cadeia!

British Columbia é conhecida entre os canadenses como uma das províncias mais liberais do país, onde o cultivo ao estilo de vida livre e associado ao "Carpe Diem" mais se encaixam. Maconha, por aqui, não se trata de tabu.

É, legalmente, desde 2001 uma alternativa medicinal e vendida pelo governo canadense, que a cultiva. Não é preciso explicar que não se configura o tráfico. No entanto, não confundamos com leniência. Há mais de vinte anos, autoridades norte-americanas e canadenses trabalham juntas para coibir o tráfico na fronteira . Mas isso é um outro assunto.

A origem do 420 tem diversas teorias. Entre as mais populares, a de que um grupo de amigos do Colégio San Rafael, na Califórnia, que se reunia quase todos os dias, em 1971, exatamente às 4h20 para celebrar o estilo de vida escolhido. Outros dizem que o número faz referência ao código usado pela polícia dos EUA ao identificar um traficante/usuário/comprador de maconha.

Teorias históricas à parte, a cidade de Vancouver celebrou o 420 no último sábado. Mais de seis mil pessoas se encontraram ao redor da VAG (Vancouver ArtGallery) para fumar à vontade. Observados por poucos policiais, os profundos tragos criaram a densa nuvem de fumaça no centro da cidade canadense, que teve até rua interditada para o "evento".

Obviamente nem todos aprovam a posição da polícia e do governo, que não reprime o usuário final da droga. De acordo com a Conselheira Kim Capri, da Assembléia da cidade de Vancouver, "quando atividades ilegais acontecem em espaços públicos, muitas pessoas se sentem desconfortáveis e inseguras", afirmou na última terça-feira.

Por outro lado, existem Conselheiros que apoiam a decisão de não intervir na "celebração". Heather Deal, oposicionista política à Kim, defende a polícia local ao dizer que "tecnicamente (o que aconteceu) é ilegal, mas eles não estavam machucando ou ferindo ninguém. E se a polícia não estava preocupada, eu confio no julgamento deles".

Para se ter a dimensão exata da brincadeira, barracas no gramado em frente à VAG vendiam produtos relaciona[d]os à droga, como bolo, sementes e outro presentinhos que lembravam a data. O ápice da manifestação aconteceu exatamente às 4:20, quando baseados foram distribuídos e placas pedindo a legalização foram levantadas. Tudo ao som de Bob Marley...

Se turistas e estrangeiros olhavam com apreensão a presença da polícia, os Vancouverites não se preocupavam. Antes mesmo do início da fumaceira coletiva, o assessor do Departamento da Polícia de Vancouver, Tim Fanning, deixou bem claro a conduta adotada.
– O que nós vamos fazer? Prender 6 mil usuários de maconha? Nós temos outros crimes para combater, procuramos por aqueles que estão mais acima no esquema, importam, cultivam ou traficam a droga – afirmou o policial.

Entre os cidadãos, o apoio maciço às autoridades. E não poderia ser diferente. Em conversa breve com Nick, que preferiu não dar seu nome completo, a posição policial faz sentido.

– Se você bebe muito e sai por aí dirigindo, causa tragé[d]ias irrecuperáveis. Bate na família, fica arredio, arranja brigas. Se fumar maconha, nada disso acontece. Proibir bebida é compreensível, mas a maconha, não! E somos apenas usuários, nada além disso, não há o que reprimir – conclui.

Aos conservadores, pinta-se um quadro de anistia. Aos que presenciaram o ato, fica, ao menos, uma lição: seis mil baseados causam menos estragos, ou quase nenhum, eu diria, do que seis mil garrafas de cerveja. No Brasil voltaram atrás, mexeram na MP e permitiram a venda de bebidas alcoólicas em rodavias federais, né? Ah tá...

Rafael Prada no portal Terra (colaboração: Adilson Câmara)

Impressionante que a Palavra de Deus, em uma radiografia do período em que vivemos, diz que as pessoas seriam "mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus." II Timóteo 3:4. Toda essa permissividade a um vício só pode ser explicada pelo cumprimento do que Paulo anteviu. estamos, de fato, testemunhando o capítulo final deste velho mundo…

quinta-feira, 24 de abril de 2008

O ENCONTRO QUE JESUS ESPERA



Deus lhe manteve, até quando era certa a queda.
Da geração do exagero, eu movi tua íris
E me viste sem ver, não foi?, como a pedires
Que o amor entre nós fosse a mais cara moeda.

Deste o ombro ao que desprezo e amaste o que me apieda;
A um consenso sensual censuravas ao ouvires;
E, ao fazeres assim, me amavas por servires!
E, ah!, então vieste, e nada ao Meu rosto te veda.

“Vieste”, anuncia cada anjo com voz de urgência;
Selo o cílio e abro o colo: acabou tua ausência!
Incólome, fruirás do que o lar lhe ofereça.

Eis teu prato – à direita Abraão sentará, filho;
Mas antes: deixa-me beijar quem vem do exílio;
E ouça o Éden vir – descansa em meu peito a cabeça.



Leia em seu contexto original

quarta-feira, 23 de abril de 2008

TREMOR DE TERRA SURPREENDE POPULAÇÕES DO SUL E SUDESTE


A terra tremeu no Brasil na noite de terça-feira (22). Durou cinco segundos e deu susto em quatro estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina. No início desse terremoto moderado, ninguém entendeu o que estava acontecendo. Foi às 21h, horário de Brasília.

De acordo com o Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UNB), o tremor, de 5,2 graus na escala Richter, ocorreu a 270 km do litoral de São Paulo. O epicentro foi localizado no Oceano Atlântico. Segundo Jorge Sand, coordenador do observatório, a região onde foi registrado o epicentro tem uma atividade sísmica grande por ser uma plataforma continental, com interfaces de regiões mais densas e menos densas.

O tremor começou no mar, mas não há risco de tsunami, segundo especialistas. Ondas gigantes podem ser geradas quando se passa dos 7 graus.

São Paulo

Em São Paulo, 32 municípios sentiram o abalo. Para especialistas, foi o tremor mais intenso dos últimos 100 anos na capital paulista. Não houve feridos, mas foi um grande susto.

O tremor de terra foi percebido em todas as regiões da cidade. A central dos bombeiros recebeu mais de 400 ligações. A maioria de pessoas assustadas, sem saber bem o que tinha acontecido.

[…]

No Jaguaré, na Zona Oeste, os moradores de um prédio foram para a rua, com medo de desabamento. […]

Em um hospital da Zona Leste da cidade, os azulejos se soltaram da parede. O atendimento aos pacientes não chegou a ser interrompido. O abalo foi sentido no Aeroporto de Congonhas, mas não alterou os vôos.

Prédios e barcos

São Paulo é conhecida pela altura dos prédios e foram exatamente os moradores dos últimos andares que mais sentiram o tremor. Esse é um fenômeno comum já que a estrutura do prédio é semelhante a um pêndulo invertido, preso ao chão e solto no topo. Em cima balança mais que na parte de baixo. Em Mogi das Cruzes, um prédio apresentou rachaduras e os bombeiros fizeram uma inspeção para ver se havia outras estruturas danificadas. Já em Sorocaba, no interior de São Paulo, moradores foram parar de pijama na garagem.

Segundo a Capitania dos Portos, na hora em que foi registrado o fenômeno, seis barcos de patrulha estavam no mar, mas ninguém sentiu nada. Situação diferente foi vivida por quem estava em prédios de São Vicente e de outras cidades do litoral. Os bombeiros não registraram ocorrências de danos, mas as linhas ficaram congestionadas.

Rio de Janeiro

No estado do Rio de Janeiro, a Defesa Civil recebeu mais de 30 chamados em menos de dez minutos. Os técnicos ficaram surpresos com o motivo dos telefonemas: tremor de terra. […]

As cidades mais atingidas foram Resende, no Vale do Paraíba, Angra dos Reis, no litoral sul do estado, e na Área Metropolitana, São Gonçalo e Nova Iguaçu. No município do Rio, os tremores duraram aproximadamente cinco segundos. Madureira, Ilha do Governador e Jacarepaguá registraram os abalos mais fortes.

[…]

A Defesa Civil do município do Rio de Janeiro está em alerta. Até às 2h, 50 chamados tinham sido atendidos, principalmente de moradores de Jacarepaguá, na Zona Oeste, que foram os que mais sentiram os tremores.

O coordenador de Defesa Civil do Rio de Janeiro, João Carlos Mariano, conta que não foi detectada nenhuma rachadura em prédios. Ele explica que o alerta é apenas para tranqüilizar a população. Todas as equipes estão nas ruas para verificar os locais

Santa Catarina e Paraná

Em Santa Catarina, o Departamento Estadual de Defesa Civil (Dedc) recebeu chamadas de moradores da Grande Florianópolis, de Joinville, de Camboriú e de Balneário Camboriú, que sentiram o tremor. As ligações começaram por volta das 21h.

Técnicos da Defesa Civil municipal visitaram algumas das residências afetadas, porém não foram constatados prejuízos materiais. "Não houve grandes danos. Foi mais um susto mesmo", disse ao G1 o sargento Milton Lourenço Leonel.

No Paraná, a Defesa Civil atendeu ocorrências na região de Curitiba e em Ponta Grossa. Na capital, foram 20 chamados aos bombeiros. "As ligações eram de moradores de prédios mais altos", afirmou o tenente Leonardo Mendes da Silva. "A situação foi tranqüila, não houve prejuízo."

[…]


"Chegou agora o tempo em que num momento podemos estar em terra sólida, e no outro momento pode ela estar fugindo de debaixo de nossos pés. Haverá terremotos onde menos se espera." Ellen White, Testemunhos Para Ministros, pág. 421.

terça-feira, 22 de abril de 2008

MISS: UMA MISSÃO DIVINA


Dizem que “beleza não põe a mesa”. Para ratificar o conceito, a gaúcha Natália Anderle, em entrevista à revista Veja, primeiro justificou imodestamente porque sagrou-se miss Brasil 2008, vencendo outras beldades, provenientes de cada estado do país; em seguida declarou, quase de maneira sacramental : “[…] Eu cumpri a missão maravilhosa que Deus me deu."[1]

Será que Deus comissionaria alguém a cumprir a função de miss, apenas para sustentar a vaidade e representar o Brasil (?) num concurso mundial, que, diga-se de passagem, não traz nenhum benefício real (quer político, econômico, artístico ou cultural) para o país? O único caso na Bíblia de alguém que participou de um concurso dessa natureza é encontrado no livro de Ester (2:2, 3, 8, 9, 12-16).

Xerxes, rei persa, exercia o domínio sobre os judeus, uma vez que os persas haviam conquistado a Babilônia, que escravizara o povo de Judá (II Crônicas 36:17-21;Daniel 1:1 e 2). Na ocasião de um suntuoso banquete real, o rei solicitou a presença da rainha Vasti, uma de suas concubinas reais (Ester 1:11 e12), mas, provavelmente temendo “por sua dignidade no meio de tal grupo embriagado (Heródoto, 5.18), ela recusou-se terminantemente a obedecer as ordens.”
[2] Por esta razão, Vasti foi deposta.

Nestas circunstâncias, foi sugerido ao rei que realizasse um “concurso de beleza”, com o fito de escolher uma nova rainha entre as belas jovens que viviam nas províncias que integravam seu vasto império. Mas teria Ester agido certo em participar? Talvez a melhor pergunta a fazer fosse “Ester tinha escolha quanto a participar ou não?”

“Os que sugerem ter Ester cometido pecado por chegar a esta dignidade, não consideram os costumes daqueles tempos nem daqueles países. Cada uma das mulheres que o rei tomava estava casada com ele, e era sua esposa, ainda que de classe inferior.”
[3] De alguma maneira, porém, o Senhor dirigiu os acontecimentos, permitindo que Ester, a “miss Pérsia”, salvasse seu povo, demonstrando, além de beleza, abnegação, coragem, disposição de serviço e nobreza de caráter. Ester não entrou em um concurso impulsionado por sua vaidade ou desejo de auto glorificação. A respeito da esposa judia de Artarxerxes pode ser dito, sim, que cumpria uma missão divina. Que Natália nos perdoe, mas, ainda sobre sua declaração, cabe nos lembrar de outro dito corrente: “em boca fechada, não entra mosquito.”

[1] Revista Veja, 23 de Abril de 2008, ano 41, nº 16, edição 2057, p. 46.
[2] Comentário bíblico Moody, disponível no CD-ROOM “Biblioteca Teológica”, vol. 3.
[3] Comentário Bíblico Matheus Henry, disponível no CD-ROOM “Biblioteca Teológica”, vol. 3.

SERIADO DE TV NARRA A VOLTA DE DEMÔNIOS AO CÉU


O canal HBO estréia hoje a minissérie Anjos Caídos, tradução para Fallen. A minissérie foi exibida nos EUA pelo canal a pago ABC Family, mesma emissora de Kyle XY e Wildifre.

O canal começa a exibir hoje a primeira parte, de três, da mini dirigida por Mikael Salomon. A primeira parte será exibida às 19h25 e a segunda às 21 horas. O Jornal do Brasil informa hoje como a estréia, mas no sábado o canal estava já exibindo a primeira parte.

A minissérie conta a história de Aaron Corbett (Paul Wesley, “The OC”), um adolescente órfão de 18 anos, que acaba de ser adotado. Seu protetor revela que o jovem é, na verdade, metade humano e metade anjo. Corbett foi eleito para liderar uma batalha contra o mal. A partir daí, parte em busca de sua identidade e sobre mais conhecimentos de seus poderes. Ainda no elenco estão Ricky Worthy, Stuart Cowan (Brothers & Sisters) e Alex Ferris.


fonte: Guia dos seriados (com a colaboração do Pr. Márcio Xavier)

Tudo começou com a má compreensão do texto bíblico: Gênesis 6:2, a passagem que fala de casamentos mistos entre descendentes de Caim e os descendentes de Sete (respectivamente, chamados de "filhos dos homens" e "filhos de Deus"), foi tomada como indício de que, no passado, demônios se uniram sexualmente a homens, gernado os "gigantes" da terra.

Agora, neste seriado, a suposta raça híbrida advinda da união demônios/homens tem a possibilidade de voltar ao Céu, através de uma espécie de Messias (justamente o jovem Aaron Corbet). Os querubins de Deus são exterminadores implacáveis, que perseguem esta "pobre" raça de "caidos" (daí o nome da série, "fallen", caídos em Inglês). Na série, os anjos do Senhor é que passam por vilões. Em um dos episódios, Aaron se encontra com Lúcifer, que lhe revela que ele, Aaron, é a esperança dos "caídos".

Com tanta distorção da Bíblia, não é de se estranhar que a série seja produzida pelo canal ABC de propriedade da... Disney!

quinta-feira, 17 de abril de 2008

O MEDO


A religião cristã vem sendo alvo de críticas por parte de vários setores da sociedade. Uma das acusações que pesam contra os cristãos é a de exercerem sua influência por meio do medo. Medo do fogo do inferno. Medo da condenação para cada ato particular. Medo de ofender as normas da igreja com a escolha de uma roupa ou corte de cabelo. Como se, para cada ato da vida, o cristianismo erguesse uma cerca de arame farpado, aonde uma placa visível trouxesse a advertência: “Não passe desse ponto!”

É preciso que se diga que a verdadeira religião não se baseia em medo. Uma ligação de amor com Deus exclui o sentimento controlador e incontrolável do medo, em todas as suas formas – de um simples receio, a uma fobia psicótica.

É indiscutível que um cristianismo distorcido tenha, na época medieval, introduzido um clima de pânico generalizado; é igualmente certo que, ainda no período atual, em meio a avanços tecnológicos, alguns segmentos cristãos empunhem a espada do medo popular para forçarem seus fiéis a subsidiar os luxos do próprio clero sofisticado; no entanto, estes exemplos trazem a público as conseqüências de se desviar das orientações bíblicas. Quem quer que siga o que o Senhor expressou em Sua palavra infalível sentirá, de modo progressivo, um sentimento de estar sendo dirigido sobrenaturalmente. E esta segurança, com o tempo, será capaz de superar o medo.

Não se pretende que a afirmação anterior seja entendida em termos que indiquem a impossibilidade de que um cristão venha a sentir medo por alguma razão; temer faz parte da experiência humana. O medo existe, em parte, para nos alertar do perigo. Em contrapartida, o cristão não fica a mercê de seus medos, mas ele os entrega a Deus e confia que o Pai fará Sua parte. E esta confiança garante um sono ininterrupto…

quarta-feira, 16 de abril de 2008

REVEZES DE UM SONHO


Uma rajada de ânimo teria pouco efeito.
Sombras ímpares cheias de desapontamento.
Todo o Universo a olhar para aquele pedaço.
Um pedaço de si mesmo, antes sorrindo por sorrir, numa gratidão disciplinada e regular como o ciclo das estações, subitamente infestado de sentimentos doentios e desestabilizantes. Corações magoados pela Crise, não tinham que dizer senão palavras voltadas um contra o outro, contra a natureza, contra as rosas por serem vermelhas demais e os arbustos por seu verde irritante, e contra Deus, porque, ora, porque Ele criara aquilo, criara as matas, montanhas,
Criara a imensidão de tudo quanto
Viam o homem e sua carne amada,
E, o que viam, agora lhes enfada,
Porque o pecador não ama ao santo.
Afagando os tucanos cabisbaixos, Eva treme. Suas pupilas, boiando pela piscina mórbida, tentava apreender uma lembrança da felicidade que perdera.
De um monólogo com o rebelde se lembra.
Fora o episódio insolente.
Caminhava, era manhã.
Belas frutas vermelhas essas, que Adão chamou maçã, por que mesmo? Cheiram um doce outonal, macio e longínquo. Adão, por que não veio? Deve estar a cuidar do leão, aliás que nome! Impõe força, e, no entanto, um animal tranqüilo como as horas. Esse caminho, eu já o fiz? Lembro-me… ah!, sim, sim. Estou no centro do Éden, dá para saber pelo aroma das laranjeiras e pelas formas paradisíacas da flor de maracujá.
Epa! Julguei ter ouvido um som? Será que ouvi, ou penso ter ouvido, como às vezes na minha imaginação ouço a voz de estrelas que eu e Adão nomeamos, comemorando os dias de nosso amor? Não, essa voz…que voz…de quem? Eu sei, deve ser um anjo, será que Deus mandou um anjo para me alertar? Ora, então aqui estou: a árvore de Deus. Suas folhas multiplicam os fragmentos de luz, como espelhos projetando imagens para fora de si mesmos. E seus frutos, dourados como o metal que cobre a superfície…o metal…ouro, Adão lhe nomeou – e esse eu ajudei a pôr nome. Outra vez a voz que vaza no ar sem aviso – de quem é essa voz?
Deixa o tucano em seu galho.
Adão confronta o que sente.
Ele revê a cena em que teve de optar.
A quem poderei dar as mãos, enquanto caminho pelas alamedas olhando os cinamomos, sentindo sua fragrância? Não posso deixar de ver seu rosto na forma indecisa do lago. Não posso perder seu calor. Quem falará aos meus ouvidos com uma voz de margarida e rouxinol? A fruta nem parece tão má. Talvez… pelo menos, Eva ainda está em pé, não morreu, não! Parece ainda mais cintilante e rubramente delicada. Quem sabe Deus perdoe essa pequena desobediência em nome do amor… Deus não sabe que entre os animais não se encontrou uma companheira que fosse à minha altura? É certo que sabe! Sabe que eu preciso de Eva, que não posso perdê-la; o que tiver de sobrevir a ela, suceda igualmente comigo.
Disse e comeu da fruta.
Ambos passaram pelo portal. Recuaram. De fora, o ar trazia sopros de morte e oxidação. O panorama tinha sombras e perfis retorcidos. Tudo parecia rir deles. O pecado não se afigurava tão inocente como chegaram a supor. E, de fato, jamais novamente o teriam como ação inocente.
Depois de muito tempo, Adão segura novamente a mão de Eva. Suavam, tensos, tensos. Mas ele sorriu. Ainda havia uma promessa.
Suas emoções vinham à tona na partida.
Como perder Seus filhos, para os quais tudo dera?
Não os entrega à culpa pelo que cometeram.
Oferta à nudez deles as peles de um cordeiro.
Teria saudades enquanto durasse a ausência do convívio direto. Pensaria nos momentos em que Adão era o aluno aprendendo sobre borboletas e cometas. Não lhe veria mais o rosto enquanto durasse sua vida, uma vida que poderia não ter sido interrompida. Para ele e sua esposa, Seu rosto seria uma sombra que as futuras gerações recordariam pelos relatos do passado, até que a esquecessem. Sua identidade ficaria sendo um mistério para todos os que amava.
Teria saudades enquanto durasse…


Leia também:

GAROTO BALEADO EM FRENTE À ESCOLA ADVENTISTA

O estudante Juan Ferreira, de 16 anos, levou um tiro no final da manhã desta segunda-feira, 14, na porta da Escola Adventista de Itapagipe [município baiano], onde estudava. Juan foi baleado por outro garoto de mesma idade, de prenome Maxwell, que fugiu do local.

Segundo informações da polícia, Maxwell não é aluno da Escola Adventista, e estudaria no Educandário Santa Rita.

De acordo com os colegas de Juan, o autor dos disparos teria agredido Juan Sérgio por vingança. Após uma discussão na sexta-feira (11), ele teria ameaçado o estudante de morte.
Juan foi socorrido e levado ao Hospital Geral do Estado (HGE).

O caso está sendo investigado pela 3ª CP do Bomfim e pela Delegacia do Adolescente Infrator (DAI).

fonte: A Tarde

Eu estava almoçando em casa quando assisti a essa notícia no Record News, o que muito me estarreceu. Como adventistas, pregamos a não-violência em todas as situações e, agora, somos surpreendidos por um crime cruel acontecido em uma de nossas instituições.

Obviamente repudiamos esta ação violenta e entregamos a família enlutada nas mãos de Deus, o Pai de toda consolação, esperando que as autoridades solucionem completamente o caso, para que a justiça seja feita.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

AUXÍLIO LISTA - SERVIÇOS DE AUTORIDADE MORAL

Bento XVI leva aos Estados Unidos a "regra de ouro" da convivência para a família dos povos e, em particular, para esse país que tem um peso enorme para toda a humanidade, declara o porta voz vaticano.

O Pe. Federico Lombardi S.J., diretor da Sala de Informação da Santa Sé, fala dos temas que o Papa enfrentará em sua primeira viagem a essa nação e à sede das Nações Unidas, no editorial do último número de "Octava Dies", semanário do Centro Televisivo Vaticano, do qual também é diretor.

O pontífice, que visitará Washington e Nova York, de 15 a 25 de abril, já apresentou os objetivos que se propôs para esta peregrinação apostólica em uma vídeo-mensagem que enviou aos americanos [...]

Como explica o Papa em sua saudação, diz o Pe. Lombardi, "Jesus Cristo é a esperança para os homens e as mulheres de toda língua, raça, cultura e nação".

"Não só cada pessoa de modo individual, mas também os povos podem encontrar nele orientação e sentido, para construir uma 'família' fraterna, segundo o desígnio de um Deus que é Pai para todos", recorda o porta-voz.

"Este Jesus, com seu mandamento do amor recíproco, ilumina e leva a cumprimento a 'regra de ouro' que está escrita na consciência de ‘toda pessoa humana e sobre a qual todos podemos nos encontrar mais além das diferenças entre as religiões, mais além do próprio crer ou não crer: 'Fazei aos demais o que quereis que façam a vós, não fazei o eu não queirais que eles vos façam'".

"Em assembléia dos representantes de todos os povos do mundo, no coração de uma nação que tem um peso grandioso no destino da humanidade de hoje e de amanhã, Bento XVI quer oferecer a todos seu serviço de autoridade religiosa e moral, iluminando o fundamento, o ponto de apoio sólido e comum, sobre o qual construir juntos as respostas aos desafios históricos frente aos que nos encontramos", assegura Lombardi.

"Juntos, porque como já dizia João Paulo II precisamente às Nações Unidas, formamos uma família de povos", declara o porta-voz.

"Se encontramos juntos o fundamento, podemos olhar para o futuro com esperança 'de paz, de justiça e de liberdade'. O fundamento e a direção. Não é pouco o que a Igreja quer oferecer, fraternalmente, a todos", acrescenta.

E conclui: "Boa viagem ao Papa aos Estados Unidos da América!".

Fonte: Zenit [Grifos meus]

Espetacular o cumprimento da profecia sobre o envolvimento desses dois estupendos poderes mundiais! Antes das sugestivas declarações do Pe. Lombardi, o escritor católico Carl Anderson já anunciava que a visita de Bento XVI aos EUA renovaria as esperanças da nação. Parece que as mais influentes vozes do mundo católico estão falando a mesma linguagem.

Já criticamos, a partir de uma análise da encíclica SPE SALVI, a qualidade da esperança que o pontífice tem a oferecer. Parece que, a um protestantismo cada vez mais distante das normas morais bíblicas, por sua rejeição à lei de Deus, nada mais resta que se render aos apelos daquele que oferece "seus serviços de autoridade moral". O Pr. Sérgio Santelli, está correto quando afirma que "Tudo sugere que Bento XVI vai mesmo promover a Lei Moral (Dez Mandamentos) para os políticos em pleno solo americano - nada poderia ser mais profético do que isso!!"

Em tempo: em matéria publicada em 9 de Abril desse ano, o jornal Estadão traz como título: "Nos EUA, papa tentará sanar ferida de escândalo sexual". Mas a ferida que ele tem estado a curar a muito tempo é outra (Apocalipse 13:12)!

“E SE HOUVER CINQUENTA JUSTOS?” INTERCEDENDO DIANTE DE JUÍZOS IMINENTES


Molemente, a vida atiçava através de agradáveis raios solares. A fartura rodeava os habitantes daquela colônia para veteranos do exército e cidadãos ilustres da capital. Prova disto estava no nome dado à avenida principal: Rua da Abundância. Para cada dia trabalhado, havia dois de descanso! Tinha-se a impressão que nada chegaria a dar errado…
A impressão mudou: jovens que acompanhavam os jogos foram surpreendidos pela primeira saraivada, e obrigados a se abrigar sob o pórtico – que desabou. Quatro dias antes, fortes estrondos vieram do Vesúvio; finalmente, em 24 de Agosto de 79 d.C. o vulcão voltava à atividade. Seu cume partiu-se em dois e surgiu um cogumelo no céu da cidade de Pompeia: vieram as pedras porosas, depois o magma pesado e, por último, as cinzas (magma pulverizado). Tentava-se reunir os bens enquanto blocos maciços, pesando de seis a dez quilos, eram lançados pela erupção, destruindo propriedades, templos de diversos deuses e vidas. Era inútil esconder-se sob as abóbadas da adega - uma vez que os gases asfixiantes entravam pelo complúvio (espécie de claraboia), indo através do jardim aos corredores e demais cômodos.
Do lado de fora, o dia convidativo se tornara uma noite de enxofre sob a cidade que devia seu nome a Pompeia, mulher do imperador Nero. Moças erguiam os vestidos até as narinas, na tentativa de evitar o ar envenenado. Nessa “noite sem deuses” as cinzas úmidas, além de grudar nas pernas dos cidadãos, moldavam seus corpos, imortalizando sua expressão de desespero, dor e últimas preocupações. Uma bela jovem morreu com o espelho de bronze contra o peito, talvez pensando em conservar na memória sua própria imagem. [1]
Apesar de inúmeros grupos religiosos, não se achou cristãos na cidade, muito provavelmente porque sua mensagem não era bem-vinda. É comum, além de antiga, a associação de Pompeia com as cidades de Sodoma e Gomorra. [2] O mesmo clima aprazível e a vida fácil marcava essas localidades, assim como o um padrão de comportamento que desafiava o Céu.
Deus avisou Abraão de que visitaria as cidades do vale do Jordão (Gn 13:10), com o objetivo de averiguar se o clamor ouvido correspondia aos fatos (Gn 18:20). Abraão passou a cortesmente questionar Deus, verificando quantos habitantes justos seriam necessários para que a cidade fosse poupada. (Gn 18:23-32).
No momento em que o Senhor vem “inspecionar” o grito vindo das cidades ímpias, é a oportunidade que cada cristão tem para interceder. Isso implica numa atitude positiva que busca em Deus poder para testemunhar em meio a uma sociedade pecaminosa. Embora Abraão parasse no número hipotético de dez justos (v.32), Deus jamais traria o juízo indistintamente sobre justos e maus. Apenas quanto a bênçãos necessárias ao sustento é que Deus não distingue o caráter das pessoas (Mt 5:45).
A intercessão nos faz participantes da obra de resgate de pessoas prestes a serem destruídas. Abraão já cumprira com sua parte ao socorrer seu sobrinho Ló, que morava em Sodoma, quando este fora feito prisioneiro de guerra (Gn 14:12-16); agora, esse guerreiro lutava com outras armas, a fim de que o mesmo Ló fosse salvo em meio a uma guerra espiritual. Como cristãos, temos de deixar tudo quanto nos impeça de viver a vida cristã em sua plenitude – ou seremos retardatários, como Ló, ou, pior, como a esposa de Ló, almas danificadas para sempre pelo desejo de gozar do pecado (Lc 17:32).
Nesse sentido, compensa nos lembrar de que os habitantes de Pompeia tiveram sua oportunidade de sair da cidade; mas “para cada um daqueles que seguiam pelas estradas a norte ou sul da baía havia outros tantos que olhavam para os refugiados com desdém, acusando-os de covardia ou vangloriando-se do lucro embolsado em razão da ingenuidade de seus conterrâneos.” [3] Enquanto o mundo a nossa volta se corrompe, precisamos nos renovar interiormente, intercedendo para que outros venham também a se salvar, antes que os juízos de Deus se completem (Ap 6:16 e 17).



[1] Essa narração deve sua riqueza de detalhes à fantástica obra de André Bellechasse. Herculano e Pompéia. Rio de Janeiro,  Otto Pierre Editores, 1978, série “Grandes Civilazões Desaparecidas”.
[2] “Um dos habitantes de Pompéia […]escreveu ‘Sodoma e Gomorra’ em uma das paredes da cidade sepultada. Este juízo sensível, de três palavras, diz mais sobre a cidade que muitos dos livros que se tem escrito a respeito dela. […]Várias dezenas de edifícios [em Pompéia] foram identificados como prováveis casa de prostiuição. […] Mesmo em residências, as pinturas e os mosaicos representavam toda classe de atividade sexual, e muitos objetos, tais como lâmpadas, pratos, vasos e fontes, tinham motivos sexuais.” Scott Ashley, “El dia del fin del mundo: lecciones de Pompeya”, in Las Buenas Noticias, Marzo-Abril de 2006, volumen 11, no 2, p. 10.

[3] Alex Butter Horth & Ray Laurence. Pompeia – a cidade. Rio de Janeiro e São Paulo, Ed. Record, 2007, p. 363.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

E EU LHES DECLARO...MARIDO E MARIDO!

Ao som de atabaques e sob os olhares atentos de cerca de 370 convidados, o jornalista Felipeh Campos, 34 anos, e o produtor de moda Rafael Scapucim, 26, se casaram em cerimônia religiosa realizada na última quinta-feira, em São Paulo.

Os noivos, que namoram há cinco anos, fizeram questão de manter a tradição, e chegaram ao local com cerca de 40 minutos de atraso. Assediados por jornalistas e fotógrafos, o casal só conseguiu iniciar a cerimônia cerca de 15 minutos depois.

Vestindo batas brancas e descalços, os noivos traziam nas mãos terços de pimenta vermelha. Na cabeça, ambos ostentavam coroas de folhas enfeitadas com a ecodidé, pena de uma ave sagrada para o candomblé que, segundo eles, só pode ser encontrada na Nigéria.

Rafael e Felipeh caminharam até o altar acompanhados de suas respectivas mães, Valéria Aparecida e Maria de Fátima, que não escondiam a emoção de verem seus filhos oficializarem a união.

"Eles estão realizando um sonho e estou muito feliz pelos dois. Nunca tive problemas com a opção sexual do meu filho e acho que quem não os aceita deve ao menos respeitá-los", afirmou a mãe de Rafael. "Se Felipeh está feliz, eu também só posso estar contente", completou Maria de Fátima, que levou as alianças até o altar.

Tradição e modernidadeO casamento foi celebrado por Pai Cido de Oxum, que ministrou o ritual orientado pelo candomblé, religião dos noivos.

Durante a cerimônia, com cânticos entoados por um coral de baianas, o babalorixá falou sobre a importância do respeito às diferenças. "O sexo dos noivos não importa, o que interessa é o amor. A natureza não tem sexo", resumiu.

Outros casais gays aproveitaram o clima de romance para reafirmarem seu amor, com carinhos e beijos discretos. Sem conseguirem segurar as lágrimas, os noivos seguiram à risca a tradição: trocaram alianças e celebraram o enlace com um beijo apaixonado.

A benção matrimonial que diz que os recém-casados devem ficar juntos "até que a morte os separe", porém, foi substituída por uma frase mais realista. "Sejam felizes, e no dia que o amor não mais existir, se afastem sem mágoas e sem rancor", pediu o Pai Cido de Oxum.

Com uma pomba branca nas mãos, Felipeh e Rafael deixaram o altar sob uma chuva de arroz cor-de-rosa e caminharam até a rua, onde libertaram o pássaro sob os aplausos dos convidados.

O casamento foi acompanhado por convidados famosos, como as ex-BBBs Íris Stefanelli e Jaqueline Khury e a musa de Vinícius de Morais, Helô Pinheiro.

"Conheço Felipeh há muitos anos e fiz questão de estar aqui, para prestigiar a alegria deles. A vida é muito curta, temos que celebrar sem preconceitos", afirmou a eterna Garota de Ipanema.

Festa à brasileiraLogo após a cerimônia religiosa, a pista de dança foi tomada pelos convidados, que dançaram ao som de hits como I Will Survive e YMCA. No cardápio, pratos tipicamente brasileiros como arroz carreteiro, feijão tropeiro e escondidinho.

Pouco antes de cortar o bolo - decorado com bonequinhos representando os noivos -, Felipeh surpreendeu ao subir ao palco para cantar a música É Preciso Saber Viver, de Roberto Carlos, ao lado do marido, Rafael.

Além dos tradicionais bem-casados, envoltos com fitas do Senhor do Bonfim, os convidados do casamento foram brindados com pastilhas de chocolate em pequenas garrafinhas de vidro, chamadas de "pílulas do amor".

"Queríamos brincar com o espírito lúdico do amor. Quem tomar a pílula vai se contaminar com a paixão e alegria que sentimos", contou Felipeh.

Sonhos comunsOs recém-casados embarcam hoje para a lua de mel em São Francisco, nos Estados Unidos. Apesar da originalidade da celebração, os desejos da dupla são idênticos aos de outros casais que oficializam suas uniões diariamente.

"Estou realizado. Agora só quero mesmo ser feliz e trabalhar muito. Mais para frente, pretendemos adotar uma criança", finalizou Felipeh, emocionado.

Fonte: Terra (colaboração: Adilson Câmara)

Em nossa sociedade permissiva, certos comportamentos são tolerados e defendidos, na categoria de "escolha individual". Porém, nosso direito de escolha também pode ser usado de forma moralmente incorreta; qual é o limite?

É impossível se estabelecer limites humanos. Apenas nas Sagradas Escrituras podemos encontrar uma norma moral segura, na qual se apoiar. "Se um homem se deitar com outro homem, como se fosse com mulher, ambos terão praticado abominação; certamente serão mortos; o seu sangue será sobre eles." Levíticos 20:13. Deus, em Pessoa, definiu a prática homossexual como algo abominável - repulsivo - aos Seus olhos divinos.

Isso deveria bastar como critério comportamental. Independente do que certos grupos de pessoas defendam, para os cristãos apenas a Bílbia pode estabelecer critérios morais seguros (o que não nos concede o direito de discriminar, ofender ou atacar, de qualquer forma, as pessoas que fazem escolhas moralmente anti-bíblicas; apenas podemos combater suas ideologias e, trabalhar para que os indivíduos que vivem de forma diferente do que Deus solicita aceitem as orientações dEle, que se acham na Revelação/Bíblia).

quarta-feira, 9 de abril de 2008

ESPERANÇA, PROPÓSITO E VIDA: A ENCÍCLICA “SPE SALVI” VISTA DE UMA PERSPECTIVA ADVENTISTA - parte 1


No dia 30 de Novembro de 2007 o Papa Bento XVI promulgou a segunda encíclica de seu pontificado. Intitulada Spe Salvi[1], a carta apostólica versa sobre a esperança cristã e seus efeitos na vida da comunidade da fé, em face de um mundo materialista e, conseqüentemente, alienado de Deus. Os adventistas têm acompanhado as declarações papais na expectativa de que o quadro profético em que crêem (Apoc. 13) continue a se cumprir. Nesse sentido, a mais comentada encíclica foi, sem dúvida, a Dies Dominis, na qual o papa anterior, João Paulo II, argumentava com os cristãos no sentido de fortalecer a observância do domingo.

Entre a Dies Dominis, datada de 31 de Maio de 1998, e a Spe Salvi o cenário católico mudou. À frente da Santa Sé não temos mais o carisma de João Paulo II. Carol Wojtyła, nome de nascimento do pontífice morto em 2 de Abril de 2005, notabilizou-se por suas peregrinações internacionais e seus diálogos com chefes de estado. Rapidamente, João Paulo tornou-se respeitado no mundo, inclusive por líderes de outras religiões, fato que impulsionou o ecumenismo. Após sua morte, muitos se perguntavam quem estaria à altura para substituí-lo. Quando a fumaça branca foi vista na praça de São Pedro, em 19 de Abril de 2005, o cardeal Joseph Ratzinger havia se eleito papa, escolhendo ser chamado de Bento XVI.

Embora sem o talento natural de seu antecessor para as relações públicas, Ratzinger, ao assumir o trono de Pedro, tratou de impor sua versão tradicionalista do Catolicismo, tanto por seus pronunciamentos, como por seus escritos. Enquanto na Dies Dominis João Paulo II escrevia de forma doce, imitando propositadamente o tom carinhoso do apóstolo João, Bento XVI disserta na qualidade de um teólogo.

O atual pontífice sustenta algumas bandeiras (sem se importar de que estejam em contramão com a Modernidade ou com os preceitos bíblicos), entre as quais poderíamos mencionar o apoio à volta do Latim na celebração da missa, as restrições ao movimento carismático, as polêmicas declarações sobre o Islã e a respeito da Igreja Católica como única igreja verdadeira – são estas algumas das marcas do breve apostolado de Bento XVI.

Apesar de ganhar notoriedade em boa parte da mídia como um ataque ao secularismo e ao ateísmo, Spe Salvi foca suas considerações no viver cristão; poderíamos definir o assunto da encíclica como um dos temas essenciais ao cristianismo. Bento XVI analisa diversos textos bíblicos, principalmente escritos pelo apóstolo Paulo, a respeito da natureza, significado e propósito próprios à esperança que Cristo nos trouxe. “É na esperança que fomos salvos” (Rom. 8:24), eis o texto introdutório usado pelo papa.

Uma visão geral sobre a nova carta-encíclica pode sugerir o exercício de uma teologia mais bíblica por parte do dito sucessor de Pedro. De fato, Víctor Figueroa, por ocasião do diálogo entre católicos e luteranos, já observava: “Parece que os católicos desejam aparecer diante dos protestantes como mais fundamentados e orientados biblicamente, mas sem realizar nenhuma mudança substancial.”[2] Prova de que “as aparências enganam” é que, ao longo de sua argumentação, o papa não deixa de citar os teólogos católicos mais importantes, como Agostinho, Tomás de Aquino, Ambrósio, entre outros; não poderia ser diferente, uma vez que, para os católicos, a revelação especial (ou sobrenatural) inclui os livros escritos (a Bíblia) e a tradição da própria igreja, sendo esta concepção oficializada no Concílio Vaticano I (1869-1870).[3]

Outro detalhe que salta aos olhos é a valorização de mártires de países sem a maciça presença católica, com a provável intenção de fortalecer o Catolicismo nesses territórios. Ratzinger cita a freira africana Josefina Bakhita (canonizada por João Paulo II) e Paulo Le-Bao-Thin, mártir vietnamita.

Com sua retórica temperada, entre a erudição e o apelo devocional, Bento XVI discorre sobre pontos comuns aos cristãos, conduzindo com habilidade seu tema até introduzir posicionamentos e dogmas católico-romanos. Queremos, num primeiro momento, deter-nos numa breve análise de suas declarações sobre temas geralmente aceitos para, em seguida, considerar aquilo que é particularmente católico.

AFETANDO O PRESENTE

Por mais surpreendente que a seguinte constatação pareça, muitas das afirmações da pena de Ratzinger não destoam completamente do pensamento evangélico, em geral, ou mesmo da visão adventista, em particular. Em sua dissertação sobre a esperança, “graças a qual podemos enfrentar o nosso tempo presente”, Ratzinger aponta para o seu propósito; os cristãos sabem que “sua vida não acaba no vazio”. Mesmo entre os primeiros cristãos, que viviam no contexto da escravidão durante o primeiro século, a esperança era tal que, ao invés de fomentar uma revolução social, “transformava a partir de dentro a vida e o mundo”. [4] Enquanto o “racionalismo filosófico tinha relegado os deuses para o campo do irreal”, o cristão têm a convicção de que não “são os elementos do cosmo, as leis da matéria que, no fim das contas, governam o mundo e o homem, mas é um Deus pessoal que governa as estrelas, ou seja, o universo”. Um Deus, que Se auto-revelou como sendo Amor, conduz a humanidade.

A ciência, um elemento poderoso e influente da Modernidade, “pode contribuir muito para a humanização do mundo e dos povos”, tendo, porém, potencial destrutivo, “se não for orientada por forças que se encontram fora dela.” A ciência não oferecer soluções ao anseio da humanidade por redenção, coisa que só o amor é capaz de realizar.

Para o pontífice, a fé, definida em Hebreus 11:1 nos concede “agora algo da realidade esperada, e esta realidade presente constitui para nós uma ‘prova’ das coisas que ainda não se vêem”. A substância das coisas futuras fica ainda mais confirmada por intermédio de Cristo. Por isso, o “Evangelho não é apenas uma comunicação de realidades que se podem saber, mas uma comunicação que gera fatos e muda a vida.”[5]

Respondendo a Umberto Eco, o cardeal italiano Carlo Maria Martini define três aspectos da visão cristã-católica da História – para ele 1) a História não é simples “acúmulo de fatos absurdos e vãos”, mas tem um sentido; 2) o sentido da História se “projeta além dela”, sendo, assim, alvo de nossa espera; 3) tal visão “solidifica o sentido dos eventos contigentes”.[6] Essa concepção se harmoniza com o sentido da esperança cristã conforme expresso por Bento XVI. E o fato de a esperança cristã ser singular, conduzirá a um estilo de vida igualmente singular, coerente com a nossa “soberana vocação” (Fp 3:14). Com efeito, Paulo nos conclama a andar como “filhos da luz”, imitando “a Deus como filhos amados” (Ef 5:1 e 2; cf. 1 Ts 4:1, Fl 1: 27). Uma vez que não vivemos apenas para nós, de forma egoísta, exercemos influência no mundo, vivendo para o Senhor, a quem pertencemos (Rm 14:7 e 8).

O apóstolo Pedro nos conclama ao empenho para sermos achados em paz, sem culpa ou mancha, uma vez que estamos vivendo no contexto em que o juízo começou “pela casa de Deus” e tendo em vista que esperamos “novos céus e nova terra” (II Pedro 3:13, 14; I Pedro 4:17). Assim, faz sentido que Bento afirme: “A imagem do Juízo final não é primariamente uma imagem aterradora, mas de esperança […] é uma imagem que apela à responsabilidade.”[7] É inevitável aceitar que nossa esperança afeta o presente, a forma como vivemos, nossas atitudes, opiniões, critérios de julgamento e relacionamentos.

Apesar de muito do que o papa afirma ser compatível, até certo ponto, com a mensagem bíblico-cristã, há outras considerações feitas por Bento XVI altamente questionáveis, principalmente quando ele aborda a esperança da vida eterna. Vamos analisar essas declarações controversas.

Este texto é a versão integral de um artigo homônimo publicado pela revista Ministério Adventista, Março de 2008.


[1] O texto da encíclica está disponibilizado na íntegra em: http://www.zenit.org/article-16906?l=portuguese .
[2] Víctor Figueroa, “Reflexiones sobre el dialogo luterano-catolicorromano: La autoridad magisterial y La infabilidad em la iglesia”, Theologika, revista bíblico-teologica, vol. VII, nº 2, p. 179 e 180, 1992.
[3] Miguel Luna, “Un estudio comparativo sobre el tema de la Revelacion em el Concilio Vaticano I y el Concilio Vaticano II”, Theologika, revista bíblico-teologica, vol. VIII, nº 1, p. 58 - 62, 1993.
[4] Cf.: Douglas Reis, “Como viver biblicamente de verdade”, disponível em http://questaodeconfianca.blogspot.com/2007/11/como-viver-biblicamente-de-verdade.html . “[…] o tratamento dado ao escravo […] mostra como Deus se lembrou de exigir de Israel justiça para com as classes mais baixas. A evolução natural do relacionamento entre o povo e Jeová traria revoluções na estrutura social. Embora, certamente, Deus não instituíra a escravatura, Ele sancionou justiça no trato dos senhores com seus escravos, e o princípio por de trás dessas normas evoluiriam a ponto de abolir o próprio sistema de escravidão.”
[5] Bento XVI, “Spe Salvi”.
[6] Umberto Eco e Carlo Maria Martini, “Em que crêem os que não crêem?”, (Rio de Janeiro, RJ: Record), 6ª ed., 2001, pp. 22 e 23.
[7] Bento XVI, idem.

ESPERANÇA, PROPÓSITO E VIDA: A ENCÍCLICA “SPE SALVI” VISTA DE UMA PERSPECTIVA ADVENTISTA - parte 2

DESCONHECIMENTO DA ESPERANÇA

Ao tratar da vida eterna, Bento XVI menciona que a morte não é desejável, mas nos acomodamos a ela. O aspecto positivo da morte, para ele, é pôr um termo na vida que, caso se prolongasse indefinidamente seria algo “fastidioso e, em última análise, insuportável.” Nem mesmo a terra teria sido “criada com esta perspectiva” de uma vida imortal. A antítese entre a rejeição da eternidade e a luta para prolongar a vida levam o papa a concluir que não “sabemos realmente o que queremos; não conhecemos esta ‘vida verdadeira’; e, no entanto, sabemos que deve existir algo que não conhecemos e para isso nos sentimos impelidos.” Sem considerar o material bíblico sobre o tema, Bento XVI ensaia uma solução filosófica:

“A única possibilidade que temos é procurar sair, com o pensamento, da temporalidade de que somos prisioneiros e, de alguma forma, conjecturar que a eternidade não seja uma sucessão contínua de dias do calendário, mas algo parecido com o instante repleto de satisfação, onde a totalidade nos abraça e nós abraçamos a totalidade. Seria o instante de mergulhar no oceano do amor infinito, no qual o tempo – o antes e o depois – já não existe. Podemos somente procurar pensar que este instante é a vida em sentido pleno, um incessante mergulhar na vastidão do ser, ao mesmo tempo que ficamos simplesmente inundados pela alegria.”
[1]

Aqui o teólogo cede espaço ao poeta. Entretanto, por mais que o estilo seja tocante, é forçoso admitir que há sérios problemas na definição de vida eterna estritamente como “o instante repleto de satisfação”. A qualificação “eterna” diz respeito não só à condição da vida, como também à sua extensão. Se a vida eterna fosse menos do que literalmente eterna, teríamos de concordar que não haveria solução para o problema da morte, que, por sua vez, existe como conseqüência do pecado. Ora, se algum resquício do pecado sobrevivesse à concretização do plano redentor, Deus não seria Vitorioso no Grande Conflito. Porém, a promessa é de que “não haverá mais morte” (Apoc. 21:4).

A noção da vida eterna que católicos e muitos protestantes endossam revela-se contaminada pelo pensamento grego. Eternidade acaba sendo entendida como um tempo estático, do qual não se nota a passagem, ou mesmo como um dia contínuo. Essa concepção, se verdadeira, seria de fato “fastidiosa” e “insuportável”. No entanto, a Revelação aponta para outra direção.

Talvez mais do que outros livros do cânon bíblico, é em Isaías que encontramos evidências de quão concreta, ativa e estimulante será a vida eterna (Is 65: 21-23). O mesmo autor expressa que a adoração sabática se estenderá na Nova Terra (Is 66:23), o que sugere a continuidade do ciclo semanal durante toda vida imortal. A eternidade, assim, não é um tempo que não passa, mas um tempo que não se acaba. Sentiremos o tempo passar, mas continuaremos a aprender, a estudar, a produzir, a criar, a nos relacionar e a adorar, crescendo à semelhança do Senhor, sem sermos limitados pelos aspectos negativos do tempo – como a velhice e a morte. Poderia haver uma esperança de vida futura mais bela e significativa do que aquela que está presente na Bíblia?

Outro equívoco da esperança oferecida pela encíclica fica a cargo do dogma do purgatório; segundo Ratzinger, podemos encontrar referências à “condição intermédia”, na qual “almas não se encontram simplesmente numa espécie de custódia provisória, mas já padecem um castigo”. É o caso de nos perguntarmos quão antigas são as referências judaicas à essa “condição intermediária”. Por ocasião do período inter-testamentário, a influência do pensamento grego já se responsabilizara por disseminar entre os judeus a idéia de uma alma imortal que sofre castigos no outro mundo. Na Spe Salvi, se faz menção a esse “judaísmo antigo”, citando o livro apócrifo de 2Mac 12:38-45, do I século a.C.

Apelando às emoções para sustentar seu castelo de areia teológico, o papa descreve um amor que chega “até ao além”, que nos liga uns aos outros “para além das fronteiras da morte”, o que, segundo a sua opinião, constitui “uma convicção fundamental do cristianismo através de todos os séculos e ainda hoje permanece uma experiência reconfortante.”

À certa altura, o papa admite que a doutrina do purgatório “se desenvolveu aos poucos na Igreja ocidental”
[2], o que, se analisado à luz da História, mostrar-se-á antes como resultado da influência do paganismo do que como fruto de reflexão da matéria bíblica. A Escritura ensina que a morte é um fim temporário (Ec 3:19-20; 9:5,6, 10; Sl 115:17), diante da qual fecham-se as oportunidades e o juízo passa a ser decidido (Hb 9:27), culminando na execução da sentença através da ressurreição em dois momentos: primeiro a dos justos e, mil anos depois, dos injustos (Dn 12:2, Ap 20:4-6). Curiosamente, faltam dados bíblicos que afirmem ou aludam à existência de um purgatório.

Embora não tenhamos todos os detalhes relativos à vida na eternidade (1 Co 2:9), não estamos sem luz quanto à volta de Jesus e os assuntos futuros (1 Ts 5:1-4). Nossa esperança será sólida na medida em que estiver alicerçada sobre as bases bíblicas e livre de amalgamações com a filosofia meramente humana. Para os adventistas, o estudo das profecias, especialmente as que encontramos nos livros de Daniel e Apocalipse, tem mantido o foco de nossa esperança na pessoa de Jesus e naquilo que a revelação sobre os últimos acontecimentos descreve.

MEDIAÇÃO DA ESPERANÇA

O acesso à esperança se dá indiretamente, entendendo que o cristão teria necessidade, de acordo com Ratzinger, de ser orientado por “pessoas que souberam viver com retidão”; conquanto qualifique a Cristo como “luz” e “sol”, ele refere-se à Maria como “estrela da esperança”, “Arca da Aliança viva’, “mãe de todos aqueles que querem acreditar” em Jesus, a “Mãe da esperança”. A conclusão é toda ela uma oração à Maria.

Nem precisa dizer que esta esperança mediada não possui respaldo escriturístico; Paulo retrata a Jesus como “Autor e Consumador da fé”, em quem devemos colocar os nossos olhos enquanto participarmos da corrida espiritual (Hb 12:1 e 2). Não há, de fato, outro Salvador no Céu (At 4:12) ou Intercessor ao lado do Pai, que esteja à altura da função; Jesus é o único, porque morreu por nós, ressuscitou e assiste agora ao lado do trono de Deus (Ef 1:20,21; 2:6; Hb 4:14-16; 8:1 e 2; 9:15). Nesta via de acesso, aberta por Cristo, o catolicismo têm, durante os séculos de sua existência, colocado obstáculos, que impedem os sinceros de estar na presença direta de Deus. A intercessão dos santos é um obscurecimento da esperança cristã, jamais um complemento.

CONCLUSÃO

É produtivo discutir o papel da esperança na vivência cristã. Conforme as denominações envelhecem, seus membros de gerações mais recentes tendem a se esquecer dos valores primordiais do credo, assimilando uma vivência transigente com a época em que vivem. Nós adventistas corremos esse risco, que implica na obliteração de nossa identidade.

Ao mesmo tempo que as questões levantadas pelo papa Bento XVI no que tange à ao valor e a aplicação da esperança nos digam respeito, as soluções por ele apontadas são diametralmente opostas àquilo que entendemos ser a revelação de Deus para nossa geração, a qual costumamos nos referir como “a verdade presente”. Não dependemos da tradição medieval ou da crença nos santos. Para enfrentarmos os desafios do mundo pós-moderno temos de nos nutrir da Verdade bíblica, porque os desafios que o mundo põe aos cristãos devem ser vencidos pela esperança de nossa vocação (Ef 1:18).

Leia a primeira parte

[1] Idem.
[2] Ibidem

MINHA BÍBLIA POR UM STREET FIGHTER

Mesma roupa, personagens e gráficos reformulados: mistura
entre realismo e animê na nova/velha aposta da Capcom

"Shoryuken!", "Hadouken!" – esse era o grito que ecoava dos fundos das máquinas de fliperama, onde jogadores nervosos apostavam suas fichas em batalhas sanguinárias. Para quem viveu a adolescência na década de 90 é impossível não saber que estou falando de um dos jogos de luta mais aclamados do gênero: Street Fighter. Para comemorar os vinte anos da série, a Capcom, empresa que criou e comercializou o game, lança sua nova versão: Street Fighter IV.

A idéia é agradar os saudosos fãs e agregar novos jogadores. E não duvido de que muito marmanjo deverá se esquecer da família para “matar a saudade”, visitando países para desafiar campeões locais nas diversas telas do Street Fighter.

Não estou me baseando em nenhuma pesquisa, mas penso que um dos maiores públicos de jogos eletrônicos sejam jovens adultos do sexo masculino. Ainda mais no caso de jogos de luta ou que envolvam cumprimento de missões (sangrentas). Afinal, jogar é pura adrenalina!

Mas seria correto gastar de tempo precioso e sagrado, abdicando, muitas vezes, de responsabilidades ou roubando o tempo da família, para se entreter com um jogo (qualquer deles), cujom prazer esteja em matar um inimigo? Que espécie de valores se absorve deste tipo de passa-tempo?

“É somente um jogo”, argumentariam alguns. Entretanto, somos advertidos, como cristãos, a ocupar nossos pensamentos com aquilo que é “verdadeiro”, “nobre”, “correto”, “puro”, “amável”, “de boa fama”, que tenha “algo de excelente” e seja “digno de louvor” (Filipenses 4:8). A “homarada” de plantão me ajude aí: será que o street se encaixa nos padrões do apóstolo Paulo?
Yoshi Ono, responsável pela reinvenção da série, baseou-se na segunda versão do Street, num processo que ele descreveu dizendo se “‘[…]como ler a Bíblia: ao jogar SFII [Street Fighter II] consigo ter a motivação de fazer o novo título agradar a todo mundo’.”
[1] Será que muitos também não estão se devotando às diversões eletrônicas de tal maneira que estejam roubando o tempo dedicado à Bíblia ou à prática de atividades mais sadias?

Leia Também "GTA volta para detonar (com a moral)


[1] Maurício Cadarn, “Street Fighter IV”, publicado em “Dicas e truques para Playstation”, ed. Europa, nº 111, Ano 10, Abril 2008, seção preview, p. 26.

terça-feira, 8 de abril de 2008

MESMO QUANDO TUDO DÁ ERRADO, É CERTO QUE ELE ESTÁ CONOSCO



Dias em que não se pode reclamar de ter ido ao fundo do poço, porque ainda caímos, cada vez mais, desastre após desastre – jamais imaginei que pudesse dizer isso do meu ontem, no qual uma manhã tranqüila dava a entender que desembocaria em uma noite sossegada.

Nada mais traiçoeiro, porém.

Na mesa da praça de alimentação, eu acabara de abrir o notebook, quando senti um mal-estar, um desconforto, uma urgência de sair de onde estava e me refugiar não-sei-onde. Voltei para o Colégio, abri o carro e atraquei no banco traseiro, pernas para cima, clamando a Deus em meio à dor. Melhorei depois de uns quinze minutos. Esperei na biblioteca minha esposa dar a última aula dela. Voltamos ao supermercado onde eu passara mal. Novamente, meu estado se alterou, fiquei com fortes dores pouco acima da virilha. Meu amor seguiu para as compras, enquanto eu me aninhava no banco traseiro, que nestas alturas parecia o colo materno.

Uma eternidade negra, muitos clamores e minha esposa voltou. Eu havia piorado. Tivemos de ir para o hospital. Como uma catástrofe convida outra para o jantar, nosso pneu furou. Era impossível continuar a pé. Tive de sentar-me próximo a um estacionamento enquanto meu bem buscava ajuda. Não demorou muito até que eu vomitasse, ali mesmo, na calçada.

Um amigo, funcionário do colégio, voltou de carro e agora em três chegamos a pronto-socorro. Eu já nem disfarçava os urros. O primeiro médico que me viu não teve dúvidas: pedras no rim! Essa não! Eu cresci ao lado de um pai forte, que, ao pegar um resfriado, saía sem camisa para lavar o carro nos domingos pela manhã. A única coisa que fazia com que meu pai gritasse eram as tais pedras no rim – que alguns chegam a dizer serem dores mais fortes que as do parto.

Mas como eu, que me alimento bem, não fumo, não como gordura, não bebo nada alcoólico (nem refrigerantes, acrescente-se), fui ter um negócio cruel destes? “Você pode ser católico ou protestante, cuidar-se ou não, isso não importa!”, disse o doutor para um rapaz ainda descrente de que aquilo estaria mesmo ocorrendo com ele… Pouco depois, veio outra notíca: nosso plano de saúde estava cancelado (aquele que eu pago a cada mês) e eu não poderia ser mais atendido na ala em que estava; seria agora um paciente do Sistema Único de Saúde (SUS).

Abandonei minha cama fofa, forrada por um lençol limpo e me pus a perambular atrás de uma enfermeira. Paramos numa sala com outros pacientes que esperavam por um médico. Deitei-me num sofá, enquanto minha esposa se acomodava em uma poltrona. Dormi e acordei muitas vezes. O meu “saquinho” de medicação intra-venosa estava vazio e as dores voltavam progressivamente. Quando o médico finalmente apareceu (uma hora e meia depois!), ele me examinou, e disse que, pelo fato de ter reagido bem à medicação, já era um bom sinal.

Meus sintomas poderiam indicar vários possíveis problemas – inflamação, apendicite, crise renal, etc. Somente exames poderiam definir do que realmente se tratava; todavia, eu teria de esperar três horas para passar pelos exames. O médico me liberou, passando um tratamento e encaminhando o pedido de exames, os quais eu poderei fazer em qualquer posto de saúde.

Bem, aqui estou eu, depois de um dia de trabalho, parando em pé por causa do meu remédio. Não posso me queixar. Deus cuidou de mim a cada instante e eu não tive que passar a noite em um hospital. Tive outra manhã relativamente normal e testemunhei aos demais professores e aos meus alunos o como Deus havia permanecido comigo em cada transe, velando, cobrindo-me com Sua palma. Ele acalmou meu espírito e me ensinou a encarar cada etapa desta nova crise com paciência. A história talvez esteja longe de terminar. Sinceramente, não sei o que virá a acontecer. Só continuo esperando em Deus (e contando com as orações de amigos dedicados) para que o problema que enfrento, seja ele qual for, redunde na glória de Deus, o mesmo de quem dependo a cada novo fôlego.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

BREVE CONSIDERAÇÃO SOBRE A ANÁLISE CRISTÃ DAS ARTES EM GERAL


O Estadão desta segunda-feira, 7 de Abril, trouxe as reações a uma das polêmicas exposições do austríaco Alfred Hrdlicka. Realizada no Museu da Catedral Católica de Viena, Áustria, as gravuras do artista retratam versões homoeróticas de episódios bíblicos, envolvendo a pessoa de Jesus e de Seus apóstolos (incluindo uma santa ceia de viés homossexual, que nos recusamos, por descência, a descrever em detalhes; Efésios 5:12 ).

Apesar de inúmeros protestos, na maioria, de membros e líderes da Igreja Católica, claro que não faltam defensores ao artista, o que não deixa de ser emblemático: fato é que a arte é defendida em nossa época como acima de qualquer crítica (e de qualquer suspeita!); o artista seria livre para expressar o que quisesse, sem que a censura à sua obra ou intenções tenham legitimidade.

Sem o propósito de esgotar o assunto, tecemos, de maneira breve, alguns parâmetros para se analisar moralmente qualquer obra de arte, partindo de uma perspectiva cristã:

1) A arte é uma expressão natural ao homem, uma vez que Deus o dotou de espírito criativo, incluído no significado mais profundo da expressão bíblica que define nossa espécie como sendo "à imagem e semelhança de Deus." (Gênesis 1:27);

2) A arte é reflexo de uma cultura, ao mesmo tempo que uma vivência, ambas bem objetivas. Portanto, embora alguns elementos da obra sejam subjetivos, ela parte de um pano de fundo objetivo, que deve ser julgado pela moral cristã;

3) Ao invés de aterem-se a criticar obras de arte, cristãos esclarecidos deveriam analisar o que tais realizações possuam de positivo, ao passo que, identificando visões de mundo contrárias àquela própria ao cristianismo, oferecer alternativas racionais. (É inegável que, quando Hrdlicka apresenta Jesus nu, sofrendo em Seu martírio, ele recupera constituintes históricos importantes, que, sem dúvida, trazem para as pessoas de nossa época parte do choque escandaloso causado em quem assiste a uma crucifixão; dito isto, esclarecemos que não se está justificando toda opção estética escolhida pelo artista, apenas se ressalta que nem tudo é negativo.);

4) Os cristãos devem ocupar-se em produzir arte a partir de seu entendimento peculiar do mundo, desenvolvendo concepções e práticas artísticas capazes de influenciar outros artistas e a sociedade em geral com uma mensagem revitalizante, concedendo à arte uma função redentiva, não no sentido de que alguma realização estética tenha o poder de salvar, senão que a arte comunica a mensagem de salvação.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

NÃO FALE DEMAIS


CONQUISTA DO IDIOMA


Prospera a alma em propondo a si calar-se,
Pois que a língua propaga flerpa estulta;
E espreita este leopardo em seu disfarce
– A língua, quando quer ser boa, insulta.
Quem municia a boca, fuzila a alma
E ao invés de próspero, quem fala é louco,
A menos que maneje a voz com calma
E se limite sempre a falar pouco
– Monologar; pronunciar-se então,
Trazendo ao palco, da melhor maneira,
O sopro do alto, a espécie de expressão
Afiliada à Palavra Verdadeira.

Quando as palavras pela cruz se medem,
O idioleto expolia a língua do Éden.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

POR QUE É TÃO DIFÍCIL DE PERCEBER (OU SERIA ACEITAR)?


JOÃO PAULO II TERÁ CANONIZAÇÃO EM TEMPO RECORDE


VATICANO - Católicos de todo o mundo lembraram nesta quarta-feira, 2, o terceiro aniversário da morte do papa João Paulo II, e fontes do Vaticano dizem que há cada vez mais apelos de fiéis para que se acelere seu processo de canonização. O papa Bento XVI rezou uma missa solene alusiva à data para dezenas de milhares de pessoas na praça de São Pedro, no mesmo local onde o caixão de seu antecessor foi colocado em 2005.

O processo de beatificação já está quase concluído, e a Igreja diz já ter inclusive encontrado um milagre que pode ser atribuído ao falecido pontífice: a inexplicável cura da freira francesa Marie Simon-Pierre, de 47 anos, que rezou para que João Paulo II a livrasse do mal de Parkinson, mesma doença que o acometia.

"Durante muitos dias, a basílica do Vaticano e esta mesma praça foram realmente o coração do mundo", disse Bento XVI em seu sermão, enquanto fiéis erguiam bandeiras da Polônia, terra natal do falecido pontífice, e cartazes com a imagem dele. Bento XVI não usou a palavra "santo", mas disse que João Paulo II tinha "muitas qualidades humanas e sobrenaturais", e que era um místico dotado de sensibilidades espirituais excepcionais.

Em abril de 2005, durante o funeral de João Paulo II, fiéis gritavam pedidos para que ele virasse um "santo súbito". Em maio daquele ano, Bento XVI dispensou o antecessor do prazo de cinco anos entre a morte e o início do processo de beatificação, primeira etapa para a canonização.

Se o papa aprovar esse milagre, João Paulo II poderá ser beatificado. Seria preciso outro milagre para que se passasse à canonização. O cardeal Stanislaw Dziwisz, arcebispo de Cracóvia e secretário particular de João Paulo II por quase 40 anos, disse a jornalistas que seu gabinete recebe cartas diárias de pessoas descrevendo "graças" recebidas após rezar para o falecido papa.

"A maioria é de pessoas que foram curadas do câncer ou casais que eram considerados inférteis, mas tiveram filhos após rezar para João Paulo II", disse Dziwisz. "Recebemos tantas que já nem as passamos mais para Roma." Os processos de beatificação normalmente levam décadas ou até séculos, por isso, os três anos desde a morte de João Paulo II são um prazo excepcional.

As provas incluem depoimentos de centenas de pessoas e uma investigação sobre a vida, as declarações e os escritos de João Paulo II. O monsenhor Slawomir Oder, funcionário do Vaticano encarregado do processo de beatificação, disse a jornalistas que praticamente já concluiu um documento de cerca de 2 mil páginas resumindo as provas em prol da inclusão de João Paulo II na lista de santos da Igreja.


"É certo que há verdadeiros cristãos na comunhão católico-romana. Milhares na dita igreja estão servindo a Deus segundo a melhor luz que possuem. Não se lhes permite acesso à Sua Palavra, e, portanto, não distinguem a verdade. Nunca viram o contraste entre um verdadeiro culto prestado de coração e um conjunto de meras formas e cerimônias. Deus olha para essas almas com compadecida ternura, educadas como são em uma fé que é ilusória e não satisfaz. Fará com que raios de luz penetrem as densas trevas que as cercam. Revelar-lhes-á a verdade como é em Jesus, e muitos ainda se unirão ao Seu povo.
Mas o romanismo, como sistema não se acha hoje em harmonia com o evangelho de Cristo mais do que em qualquer época passada de sua história. As igrejas protestantes estão em grandes trevas, pois do contrário discerniriam os sinais dos tempos. São de grande alcance os planos e modos de operar da Igreja de Roma. Emprega todo expediente para estender a influência e aumentar o poderio, preparando-se para um conflito feroz e decidido a fim de readquirir o domínio do mundo, restabelecer a perseguição e desfazer tudo que o protestantismo fez. O catolicismo está a ganhar terreno de todos os lados. Vede o número crescente de suas igrejas e capelas nos países protestantes. Notai a popularidade de seus colégios e seminários na América do Norte, tão extensamente patrocinados pelos protestantes. Pensai no crescimento do ritualismo na Inglaterra, e nas freqüentes deserções para as fileiras dos católicos. Estas coisas deveriam despertar a ansiedade de todos os que prezam os puros princípios do evangelho." Ellen G. White, O Grande Conflito, pp. 565 e 566 (grifos supridos).

Veja também:

terça-feira, 1 de abril de 2008

A VISITA DE BENTO XVI TRARÁ ESPERANÇA AOS EUA, DIZ ESCRITOR


Bento XVI trará, com sua próxima visita aos Estados Unidos, uma "revolução da virtude", explicou Carl Anderson, cavaleiro supremo dos Cavaleiros de Colombo, ao apresentar seu novo livro no Vaticano.

"Uma civilização do amor" (A Civilization of Love, HarperOne, 203 páginas) mostra "o que todo católico pode fazer para transformar o mundo", à luz do pensamento de João Paulo II e seu sucessor na sede de Pedro.

"Estamos falando de uma ‘revolução da virtude’, mas das virtudes teologais: fé, esperança, e caridade", explicou em declarações à Zenit.

"E esta é a mensagem que Bento XVI deixou com suas duas encíclicas, ‘Deus caritas est’, que é amor, e ‘Spe salvi’, que é esperança."

Anderson, consultor de vários conselhos vaticanos, filósofo, está convencido de que esta é a mensagem que os americanos estão esperando, como demonstrou este ano eleitoral "de maneira impressionante", que sublinhou "a questão da mudança e a questão da esperança, e o cristianismo é a religião da mudança e a religião da esperança".

"O efeito de 11 de setembro é ainda muito forte nos Estados Unidos, e uma das coisas que sugiro no livro é descobrir que pessoas somos, que pessoas queremos ser".

[...]

Anderson deixa de lado as diferenças religiosas para apresentar a mensagem de esperança a quem está preocupado pela crise de valores da sociedade moderna.

"Abraçando a cultura da vida e estando ao lado dos marginalizados e dos considerados como ‘inúteis’ ou como um ‘peso’ para a sociedade, os cristãos podem mudar a direção de nossa cultura", assegura em seu livro.

O próprio Anderson assegurou que seu livro busca superar o "choque de civilizações", pois a civilização do amor não é algo exclusivo dos cristãos, e apresentar "o ‘mapa’ para ajudar os cristãos a compreenderem seu papel no mundo".

Promover esta civilização do amor, declara Anderson, implica apoiar com decisão a vida e a família.

[...]

Fonte: Zenit (Grifos supridos)

Não há dúvida que "o cristianismo [seja] a religião da mudança e a religião da esperança". O enfoque de Bento XVI parece ser o do papel do católico no mundo; em suas homilias e encíclicas, o atual pontícife bate na tecla da qualidade da vida cristã, em detrimento da quantidade de cristãos-católicos. E isto está arregimentando a comunidade mundial para o que a profecia há seculos descreveu que aconteceria: uma união político-religiosa, encabeçada pelo pontífice romano e os EUA.

Já pude apontar alguns equívocos da forma de compreender a esperança cristã presente na Encíclica papal "Spe Salvi", no artigo "Esperança, propósito e vida: a encíclica 'Spe Salvi' vista de uma perspectiva adventista" (recentemente publicada na revista Ministério Adventista, Março 2008). Entre outros pontos, basta destacar alguns trechos:

"A noção da vida eterna que católicos e muitos protestantes endossam revela-se contaminada pelo pensamento grego. Eternidade acaba sendo entendida como um tempo estático, do qual não se nota a passagem, ou mesmo como um dia contínuo. Essa concepção, se verdadeira, seria de fato 'fastidiosa' e 'insuportável'. No entanto, a Revelação aponta para outra direção."

"Outro equívoco da esperança oferecida pela encíclica fica a cargo do dogma do purgatório; segundo Ratzinger, podemos encontrar referências à 'condição intermédia', na qual 'almas não se encontram simplesmente numa espécie de custódia provisória, mas já padecem um castigo'. É o caso de nos perguntarmos quão antigas são as referências judaicas à essa 'condição intermediária'. Por ocasião do período inter-testamentário, a influência do pensamento grego já se responsabilizara por disseminar entre os judeus a idéia de uma alma imortal que sofre castigos no outro mundo. Na Spe Salvi, se faz menção a esse 'judaísmo antigo', citando o livro apócrifo de 2Mac 12:38-45, do I século a.C."

"À certa altura, o papa admite que a doutrina do purgatório 'se desenvolveu aos poucos na Igreja ocidental', o que, se analisado à luz da História, mostrar-se-á antes como resultado da influência do paganismo do que como fruto de reflexão da matéria bíblica. A Escritura ensina que a morte é um fim temporário (Ec 3:19-20; 9:5,6, 10; Sl 115:17), diante da qual fecham-se as oportunidades e o juízo passa a ser decidido (Hb 9:27), culminando na execução da sentença através da ressurreição em dois momentos: primeiro a dos justos e, mil anos depois, dos injustos (Dn 12:2, Ap 20:4-6). Curiosamente, faltam dados bíblicos que afirmem ou aludam à existência de um purgatório.

"O acesso à esperança se dá indiretamente, entendendo que o cristão teria necessidade, de acordo com Ratzinger, de ser orientado por 'pessoas que souberam viver com retidão'; conquanto qualifique a Cristo como 'luz' e 'sol', ele refere-se à Maria como 'estrela da esperança', 'Arca da Aliança viva’, 'mãe de todos aqueles que querem acreditar' em Jesus, a 'Mãe da esperança'. A conclusão é toda ela uma oração à Maria.
"Nem precisa dizer que esta esperança mediada não possui respaldo escriturístico; Paulo retrata a Jesus como 'Autor e Consumador da fé', em quem devemos colocar os nossos olhos enquanto participarmos da corrida espiritual (Hb 12:1 e 2). Não há, de fato, outro Salvador no Céu (At 4:12) ou Intercessor ao lado do Pai, que esteja à altura da função; Jesus é o único, porque morreu por nós, ressuscitou e assiste agora ao lado do trono de Deus (Ef 1:20,21; 2:6; Hb 4:14-16; 8:1 e 2; 9:15). Nesta via de acesso, aberta por Cristo, o catolicismo têm, durante os séculos de sua existência, colocado obstáculos, que impedem os sinceros de estar na presença direta de Deus. A intercessão dos santos é um obscurecimento da esperança cristã, jamais um complemento. "