terça-feira, 30 de setembro de 2008

A RACIONALIDADE E SUAS TRAVAS


Ao contrário da mente infantil, propensa a fantasiar, um adulto está convicto de suas possibilidades e limites. Experiências acumuladas nos convencem (às vezes, a duras penas) da existência da gravidade ou sobre a qual a sensação de um choque elétrico. Isto porque nossa estrutura mental possui a capacidade para analisar o mundo físico e interagir com ele. Assim, num escopo maior, o homem atua positivamente sobre o mundo físico, construindo aquedutos, drenando rios e extraindo minérios, por exemplo. As grandes conquistas médico-científicas partem da capacidade racional de nossa raça.

A racionalidade consiste em catalogar as informações a respeito das características da natureza, dos seres vivos, da convivência dentro de sociedades humanas disponíveis e criar mecanismo para atuar de forma lógica, sensata e criativa. Logo, a razão humana pressupõe individualidade, porque cada ato de volição racional é marcado pela experiência pessoal. Torna-se, portanto, absurdo idealizar a razão como algo uniforme e universal.

Entrementes, ao considerar a racionalidade, temos que admitir ter diante de nós uma ferramenta defeituosa. Como nossa experiência é incompleta, a formação da razão consiste em um processo não isento de lapsos, falsos conceitos e mistificações. Outro fator para a insuficiência da razão é a corrupção de dados presentes no mundo ao redor. A desordem na natureza não reflete a justiça, mas o desequilíbrio. Em suma: temos um mapa cheio de lacunas (nossa mente) indicando uma estrada cujos trechos sofreram progressivas alterações (nosso mundo).

Outrossim, imperfeita como seja, a razão humana é um instrumento insuficiente, mas útil. As grandes questões que cercam nossa existência são respondidas com o auxílio da razão. O próprio Deus nos convida a usar a razão para repensar nossa postura diante de Seus imperativos (Is. 1:18). Somente com a admissão de que a Revelação habilita, qualifica e se utiliza apropriadamente da razão (sem substituí-la), o homem pode ocupar mais corretamente seu espaço em um mundo criado para ele, enquanto se dispõe a participar do mundo que Deus renovará para ele.

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