sábado, 11 de outubro de 2008

COMO CRIANÇA

por Denis Clebson da Cruz*

Estou todo dolorido. As costas doem, pois minhas crianças me galoparam um tempão. Os braços estão com os músculos ardendo, pois levantei o Kalel (de 4 anos) várias vezes. E, além de tudo, tento esquecer uma distensão numa das coxas, pois inventei de dar um chute no ar, para me exibir para a Lívia (6 anos), sem me dar conta de que não faço muito bem o tipo esportivo.

Um dia desses, a vizinha dos fundos disse que não sabia quem era mais criança em casa, se eu ou meus filhos.

Sim, eu corro, grito, me escondo, carrego os pequenos no lombo, brinco com carrinho, boneca, tomo chazinho e comidinhas de brincadeira... enfim, entro no universo da Lívia e do Kalel – com a única diferença de me cansar beeeem antes deles.

Se Jesus estava falando disto ao dizer as palavras do e Lucas 18:17, pode ter certeza, eu vou estar no céu: “Em verdade vos digo que, qualquer que não receber o reino de Deus como criança, de modo algum entrará nele.”

Mas creio que as palavras de Jesus vão além. Ele falava sobre o coração de uma criança e a vivacidade, a naturalidade e o amor com que ela recebe e ama a Palavra.

Mas como ser igual a uma criança? Com tantas coisas de adulto enchendo nossa cabeça, como ser iguais a elas? Como não nos cansarmos rapidamente dessa jornada rumo ao céu?

Permitam-me dar uma única opinião: aprenda com as crianças.

Os adultos, todos cheios de si, acham que só têm a ensinar aos pequenos ao seu redor.

Tire esta idéia da cabeça. Pode parecer estranho, mas uma criança tem tanto para aprender como para ensinar. Nós é que não prestamos atenção.

Eu tenho uma dívida eterna com a Lívia e o Kalel, meus filhos. Eles nasceram numa fase conturbada de minha vida, quando, além de estar longe dos compromissos com a Igreja, eu lutava para me firmar no mercado de trabalho e organizar os deveres de pai e marido.

No pouco tempo que eu tinha com eles, aprendi a me envolver integralmente e, além disso, observá-los muito.

Foi observando meus filhos que Jesus me trouxe de volta para um cristianismo real e autêntico.

Apesar de mentalmente distantes, tanto eu como minha esposa levávamos as crianças à igreja. Elas participavam das salinhas, dos corais infantis, dos cultos, enfim, de tudo. E cada coisa que ouviam, aplicavam e vivenciavam imediatamente.

Recordo-me de um dia em que a Lívia me fez sentar no sofá da sala e ligou o som, dizendo que queria “mostrar uma coisa”.

Começou a tocar a música de uma cantora evangélica. Lívia cantou junto. A voz, os gestos, as expressões da minha pequena filha me encantaram. Era uma pequena adoradora, que havia recebido o reino de Deus em seu coração de criança.

Desejei receber a Deus daquela maneira intensa, completa e pura. Entendi o que Jesus quis dizer em Lucas 18:17. Minha filha sequer tinha a mente cheia de doutrinas ou discussões teológicas. Ela apenas adorava ao Criador, o único Digno de Louvor.

Cantamos juntos as últimas partes da música e comecei minha jornada em busca do primeiro amor, desta vez, imitando a forma de adoração dos meus filhos, tentando receber a unção completa num coração como o de uma criança.

Não seja afoito em apenas ensinar os pequenos ao seu redor, pois também há muito que se aprender com eles.

Creio que, se no céu houver alguma data que comemorará o dia das crianças, todos nós iremos ganhar presentes.


* Denis Clebson da Cruz é escritor e mantém o blog IASDMN.

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