sexta-feira, 3 de outubro de 2008

EXPERIÊNCIA DE AMOR


O pátio enchia-se de vozes controladoras e ouvidos dispostos a intermediar seus ruídos de lâminas com uma vontade conivente, débil, infectada mesmo pela rebeldia das vozes, sujeita a esta rebeldia estridente, sendo que uma multidão de vontades chafurdava em ódio, egoísmo, cobiça, irreverência, lascívia, e nas demais coisas que ouviam das vozes ditadoras de uma raça vendida e desvalorizada pelo pendor das escolhas, num vórtice de dilemas e questões febris, miseráveis herdeiros de Adão!

Na balança, o homem valia menos. , valia um-quase-nada meritoriamente. Não havia interesse, força, iniciativa, capacidade para recuperar a liberdade. Nada no homem originaria fé, amor, esperança, bondade, compreensão, inocência, fidelidade.

Era uma caminhada nova, de descobertas:
Os peregrinos iam cantando até o templo,
E ele ia junto. Via cada detalhe. E cria.
A oferta pelo pecador deveria superar o valor que tivera o homem antes da queda; mas, uma vez que caiu, o homem passa a valer menos, um-quase-nada meritoriamente. E as vozes demoníacas tentavam os homens, arrastando-os a uma rebelião irresistível.
Chegam. Saboreia essa visão do sacrifício
– Um cordeiro amarrado no altar, sem resistência,
Puro de todo. Chega mais perto. O animal pronto
Para abrigar o golpe na sua carne-vítima,
E ele, ele vendo a cena, vendo o cordeiro puro,
Puro de todo. Tudo se encaixa e ele descobre
Que não é o cordeiro, mas ele o sacrifício. O Senhor Arquiteto-Mestre de todo o Universo condescende com a criatura alienada, assumindo Ele próprio as fraquezas e debilidades do homem, após quatro mil anos de epidemias, guerras genocidas, degenerescência física, mental e após a ausência do Éden. Tomou a natureza caída, mas sem a sua corrupção; tomou as fraquezas inocentes da humanidade (que espirra, se cansa, tem sede, precisa de dormir e de comer), mas sem propensões pecaminosas; reteve as paixões humanas, não as propensões pecaminosas. Sua humanidade estava afetada pelo pecado, sem ser infectada por ele. O caráter do Rei-Redentor ainda estava acima do caráter da raça pela qual deixou Seu trono entre nebulosas e cometas.

Veio visitar o homem formado do pó sob a mesma condição de pó.
Os pais não poderiam entender um caráter
Tão cheio de virtudes como o seu sempre fora,
Apegado às empresas miúdas da oficina,
Sem se distanciar delas, concentrado, constante,
Um operário pobre, menino puro e simples,
Puro de todo… Que homem seria esta menino?
A vizinhança a todo tempo se perguntava
E falavam do filho de José, do menino,
Que era estreito, que nunca se misturava aos outros
De sua idade; nunca o tinham visto em brigas,
Nem mesmo uma laranja foi pego a carregar
Sem que lhe pertencesse. Quem seria o menino?
Um deus que teve as fraldas trocadas, que adormecia no colo de sua mãe, e se enternecia ao ser amamentado, e chorava nas noites em que seu pai vigiava pela segurança ao fugirem da ordem de Herodes, quem seria este Deus? Que deus sonhado pelo homem não seria egoísta como os sonhos de todo homem? Somente um Deus Real, não inventado, seria humilde a ponto de fazer o que o homem cercado pelas vozes demoníacas e infectado pela rebelião jamais faria – doar-se, amar sem interesse, entregar-se para resgatar. Somente um Deus Real deixaria Sua posição superior para enlamear seus pés ao lado de seres inferiores, Incompreendido por eles devido à sua pureza entrevista sob a figura de homem. Somente um Deus que amasse o homem aceitaria colocar-se dentro do tabuleiro, sujeito às mesmas regras, em pé de igualdade com os tentados, experimentando a prova como eles, para socorre-los pela prática de Sua vida vitoriosa. Deus assim é Deus que sente o mesmo que cada homem. Um Deus que se fez homem, e homem puro. Puro de todo.

Nenhum comentário: