quarta-feira, 1 de outubro de 2008

SENSO DE DIREÇÃO

Azimute


Para tocar a peça,
Que nunca figurou em partituras,
Ou se afirmou nas teclas de marfim,
Deve o ouvido ir além
Das idiossincrasias possíveis
E de quaisquer desgostos permeáveis
Com soberba.

Quanto mais altitude,
Mais rarefeito o ar para o nosso fôlego.
Com que freqüência ouviu-se os corneteiros
Azurrando a vitória?
Há confete piscando e foliões,
Que não percebem o quanto ainda falta,
E é bastante.

Nuvens que não sorriem.
O prognóstico indica tempestade
– A metereologia observa a acústica
E depõe tudo em gráficos.
Quem estaria à porta, impedindo a água,
Se Deus a despediu da nuvem flácida?
Chove – ponto.

A História está na esquina
Tanto quanto deitada aqui comigo;
Não se pode explicar suas manias,
Nem lhe afagar o queixo:
Sempre sobra uma peça sem encaixe
E os sentimentos ficam incompletos
Na parede.

Que pode haver de cíclico,
Se a realidade não completa a volta
E o nosso foco perde-se entre imagens?
A repercussão tola
De amontoados de anseios nos força
A tentar entender um jogo hermético
Muito acima.

Um engasgo prolixo
Fere a percepção de outras circunstâncias.
E o croqui não se torna uma obra-prima
– É e será croqui.
Não há quem se bacharele em existência
– A única graduação vem a quem crer
Que há luz fora.

O coração se cala
E em seu silêncio ainda agrupa enganos!
Sem a mão do Senhor que sabe o mundo,
Somente há confusão.
Na Palavra do Céu surge o Caminho
Diametralmente oposto a essas pegadas
Que deixamos

De quando em vez, espicho
Perplexamente os olhos ao redor;
Desconheço os lugares quase todos;
Desconheço todos enigmas.
Mas reconheço a mão que leva a luz
Em Suas cicatrizes de vitória.
Toco a peça.

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