quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

ANO NOVA, LÍNGUA NOVA

Se a ideia será bem sucedida, dependerá de acordos internacionais e suas consequências, mas que a mudança têm nos impedido, mesmo a curto prazo, de dormir tranquilos, isto lá é verdade!

A frase acima causará estranheza em qualquer pessoa alfabetizada (faltam um acento agudo e dois tremas) . E isto se deve, como todos devem saber, à nova Reforma Ortográfica, tão divulgada, e nem por isso menos estranha.

De todas as classes, os escritores são aqueles que encaram as mudanças na forma de escrever com maior desconfiança. Lembro-me de Bilac, saudosista diante da nova grafia de "lágrima" (na época, o poeta se acostumara a escrever "lágryma", sendo que via as letras "g" e "y" como duas lágrimas elas mesmas. Isso pode soar piegas para nós, mas daqui para frente nos defrontaremos com nossos próprios pieguismos, porque, seja por costume ou gosto, veremos alterações aonde não gostaríamos que nada fosse mexido).

Não adianta argumentarmos, a esta altura, que uma reforma ortográfica será incapaz de unificar a Língua Portuguesa, desenvolvida de forma tão independente dentro dos países que formam a comunidade de seus falantes (experimente ler qualquer coisa escrito no português de Portugal, por exemplo; a impressão para um brasileiro será a de estar diante de um outro idioma...). Claro que agora quaisquer argumentos contrários ao acordo se acham fora de questão.

Uma reforma ortográfica não para (assim mesmo, sem o tal do acento diferencial, que já deve estar na estação da Luz, junto às outras peças do Museu da Língua Portuguesa); por isso, aqui no Questão de Confiança, a palavra de ordem é resignação, seguida de outra, a saber adaptação. Nosso odisseia consiste em continuar postando, agora em uma nova língua, que na verdade é a mesma, mas repleta de mudanças significativas - que só tempo (além do uso) dirá se foram adequadas ou disfuncionais.

Nenhum comentário: