quarta-feira, 22 de abril de 2009

O PEDAGOGO DE ANTES E AS TESTEMUNHAS DE AMANHÃ




Há anos realizo um rodízio com as traduções da Palavra de Deus em relação ao ano bíblico. Hoje pela manhã, ao ler o capítulo 11 de Deuteronômio na Bíblia de Jerusalém (BJ), senti minha atenção chamada por uma palavra no versículo 2: “Fostes vós que fizeste a experiência, e não vossos filhos. Eles não conheceram nem viram a pedagogia de Iahweh vosso Deus, sua grandeza, sua mão forte e seu braço estendido […]”. Confesso não ter contado que a palavra “pedagogia” apareceria nesse contexto.
Rapidamente consultei outras entre as traduções que possuo. A mesma palavra é traduzida das seguintes maneiras: “disciplina” (Almeida Contemporânea; Nova Versão Internacional) e “educação” (Edição Pastoral). Ocorreu-me de procurar em um dicionário teológico a palavra empregada por Moisés no texto original [1]. Mûsar, no hebraico, aponta a educação resultante da correção. Um dos textos chaves para se compreender o sentido da palavra se acha justamente em Deuteronômio 2, passagem que expressa a Revelação divina através dos milagres e feitos de Deus em favor de Israel.
De fato, em Deuteronômio se identifica claramente o conceito de um Deus atuante na história do povo. No último livro do Pentateuco, trata-se, já no primeiro capítulo, do desenvolvimento da nação israelita e dos desafios que ela teria que transpor. No limiar da promessa, o povo então fracassa, desencorajado pelos dez agentes que espionaram a terra de Canaã. Em face da rebeldia, o Senhor pune a geração descrente a vagar pelo deserto até que seus cadáveres ficassem estendidos pelos bancos de areia (apenas Josué e Calebe, espiões que confiaram na promessa, seriam poupados).
A seguir, Deus dá um tapa com luvas de pelica no rosto do Israel mimado: Seu povo é conduzido ao território de nações parentes (Dt. 2), edomitas (filhos de Esaú), amonitas e moabitas (ambos descendentes de Ló). Essas três nações haviam desalojado os antigos moradores da terra, inclusive os povos considerados gigantes. Se Deus abençoara os parentes de Israel, não teria feito ainda mais pela nação que escolhera para ser exclusivamente Sua?
A disciplina celeste, por mais dura que nos pareça, serviria para instigar a fé no coração dos israelitas, a teste velocidade internet fim de que Jeová fosse Seu único Deus, a quem dedicassem todo amor (Dt. 6:4-5). Eles não deveriam confiar em suas forças, mas reconhecer que o Senhor é quem lhes dava a capacidade de vencer (Dt. 8:17-18). O conhecimento sobre as ações pedagógicas de Deus serviria como fonte de instrução das gerações seguintes (Dt 6:6-7, 20-25).
Você deve ter se recordado de outro texto com um sentido bem semelhante. No NT, a epístola de Hebreus apresenta a função pedagógica do Senhor: “É para a disciplina que suportais a correção; Deus vos trata como a filhos. Pois que filho há a quem o pai não corrige?”
Semelhantemente ao trato do Senhor com Israel no deserto, Deus nos disciplina, visando a nossa salvação. O Pedagogo divino atua no deserto da vida, por meio de intervenções poderosas e provas aflitivas. Sei que você compreende isso. Lembra-se de quando você sofreu ao perder o emprego ou teve de assumir um filho fora do casamento? Tanto nossos erros como circunstâncias nas quais nossa fidelidade se depara com obstáculos servem para a educação superior, cujo resultado é nossa salvação. Todavia, chegará o dia no qual todos serão ensinados no conhecimento (relacional, não apenas intelectual) do Senhor (Jr. 31:34). Aliás, passaremos a eternidade toda ao lado do Pedagogo divino, sendo instruídos sobre as Suas obras estendidas pelo cosmo. Conheceremos anãs-marrons e passearemos pelos satélites de Júpiter.

Porém, acima das informações sobre as leis da física e dos componentes da matéria, aprenderemos sobre a obra da redenção. Teremos, ainda, a oportunidade de testemunhar sobre isso para o Universo “[…] A obra de Cristo neste mundo é Sua obra nos Céus, e nossa recompensa por trabalhar com Ele neste mundo será o maior poder e mais amplo privilégio de com Ele trabalhar no mundo vindouro. […] Apenas os remidos, dentre todos os seres criados, conheceram em sua própria experiência o conflito com o pecado; trabalharam com Cristo e, conforme os mesmos anjos não poderiam fazer, associaram-se em Seus sofrimentos; não terão eles qualquer testemunho quanto à ciência da redenção, algo que seja de valor para os seres não caídos?”[2]

[1] R. Laird Harris, Gleason L. Archer, Jr e Bruce K. Waltike, “Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento” (São Paulo, SP: Vida Nova, 2005), 4ª reimpressão, 632-633.[2] Ellen White, “Educação” (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2001), 8ª ed., 308.

Nenhum comentário: