segunda-feira, 24 de agosto de 2009

SONETO ALFABÉTICO

Composto para integrar uma série de sonetos, o poema abaixo tem uma peculiaridade: cada uma de suas frases se inicia com uma letra do alfabeto (isso antes de a Nova Reforma Ortográfica incorporar as letras K,W eY em nosso alfabeto). Confira:

(A ENLUTADA)


Aroma de flamingo e tâmaras? Banquetes
Dispensa. Cisma em seu peristilo. Dintéis
Nimbados pelo aroma. E cisma a sós. Fiéis
Montados, centuriões voltam com seus ginetes.

Grecina os vê cruzarem Roma, os capacetes
Polidos. Harpas ouve. Indícios de lauréis.
Justa e devota, ignora o esplendor de ouropéis.
Larga a moda. Mudou. Nada de braceletes.

Ouve-os rir. "Pobre! Quem é?" Ri. Sente-se grata.
Tem-na por morta o preconceito democrata,
Presa em superstição que de empréstimo toma?

Um só Deus. Vive e é Rei. Xenofobia afina
A voz! Zombam em vão, pois Pompônia Grecina
Goza o prazer por cuja falta expira Roma.

Nenhum comentário: