quarta-feira, 30 de setembro de 2009

COLÉGIO ADVENTISTA DE JOINVILLE CHAMA ATENÇÃO PARA O DIA DA BÍBLIA


Todos os que passavam pela praça Nereu Ramos, no centro de Joinville (SC), surpreendiam-se com algo inusitado: dois grupos revesavam-se na apresentação de "cenas mudas", baseadas em histórias bíblicas. Os atores eram alunos do Colégio Adventista da cidade (o CAJ - Saguaçu).

Muitos passavam e espiavam rapidamente a cena, enquanto outros se detinham, olhando demoradamente para o figurino, gestos e expressões dos estudantes.


Um grupo de alunos do 1° B representaram o relato da mulher adúltera, que fora levada a Jesus (Jo. 8). O Mestre, no episódio, disse as famosas palavras: "Aquele que dentre vós está sem pecado, seja o primeiro a lhe atirar uma pedra." (v. 7). Já os alunos do 2° A retrataram Moisés com os dez mandamentos na mão (Ex. 20), rodeados por pessoas cujas ações infrigiam esses mandamentos.



Os transeuntes tiveram a oportunidade de conhecer (ou reafirmar) a importância da Bíblia através de um folheto distribuído durante a apresentação das cenas.

PAIXÃO INFINITA


O meu coração não conhece o sempre,
Não podendo pensar em algo intérmino.
Meus olhos andam como duas folhas
– Caem cessando o vento e pára o tempo.

Porém uma migalha do infinito
Caiu sobre mim desde muito cedo
E aprendi através dela a amar,
Embora não conheça tanto o amor.

Quando a casca do céu rubro é quebrada
E a noite vem à tona triunfante,
Há no pulsar silente das estrelas
Mil tambores sentindo assim o amor.

Quando as pétalas fofas das roseiras
Brilham como rubis de sentimentos;
As nuvens no céu dançam dando festas
E nada mais existe fora o amor.

Amor não é olhar, não é querer,
Ou provar de prazeres passageiros;
Amor é revestir-se do infinito
(E só o infinito acresce a experiência).

Assim, meu Deus, eu só posso te amar
Com o frágil amor semi-infinito
E perceber em troca desse amor
Um sol de verdadeiro e imenso amor.

NOVO TSUNAMI, NOVAS VÍTIMAS


Em 2004, o mundo surprendeu-se com a força destruidora de um tsunami (termo até então pouco conhecido); atualmente estima-se que mais de 143 a 230 mil vidas foram ceifadas pela catástrofe. Mas se engana quem pensa que se trata de um fenômeno recente. Ao longo da História, outros tsunamis afetaram a Jamaica (1692), Portugal (1755), Chile (1835), entre outros países. O "recordista" parece ser o Japão (1707, 1896, 1933 e 1993). (Confira aqui uma listagem completa de "edições" do tsunami).

Ontem a tragédia voltou a abater o Oriente. Um terremoto (que alguns apresentam como sendo de 8,3 graus na escala Richter, enquanto outros afirmam que possuia 7,9 graus) provocou novo tsunami. A Samoa e demais ilhas do Pacífico sentiram os efeitos do fenômeno, provocado por um terremoto. Ondas com até 3m de altura invadiaram as cidades e trouxeram pânico aos moradores locais. Até agora, o número de vítimas chega a 114 pessoas, conforme informou o Correio Braziliense. Prevê-se que mais vítimas sejam encontradas.

Jesus asseverou que, no fim dos tempos, houveríamos falar de terremotos (Mt.24:7). Pela incidência e gravidade das tragédias, podemos estar certos da proximidade do fim,o que, em última instância, deve nos levar ao preparo espiritual cada vez mais consciente.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O EVOLUCIONISMO DE CADA MARCELO

O cientista Marcelo Gleiser: esse aí não joga no time de Dawkins

Duas colunas publicadas na edição da Folha de São Paulo, neste último domingo, chamaram a atenção: "O criacionismo de Marina", de Marcelo Leite, e "A primeira causa", de Marcelo Gleiser. [1] Quero ponderar o que cada autor separadamente defende, ressaltando suas perspectivas peculiares, e isso a despeito de os dois combaterem (declarada ou implicitamente) o mesmo "adversário": o Criacionismo.
Marcelo Leite foca seus questionamentos no envolvimento dúbio da ex-ministra Marina Silva, pré-candidata à presidência, com o ensino do Criacionismo nas escolas. Cita dois fatos que demonstram ambiguidade da parte de Marina: uma entrevista ao site Éoqhá [2] e outra ao programa Roda Viva. Na primeira, ela apoiara timidamente o Criacionismo; na segunda, Marina nega que o tenha feito.
Leite então analisa alguns trechos da entrevista ao Éoqhá e dá seu veredito: "Não é uma resposta aceitável, vinda de ministra de um Estado Laico. Devemos fazer distinção, fundamental, entre ensino de ciências e ensino de religião." A problemática do parágrafo nos leva a considerar dois pontos: o entendimento de Estado Laico e a natureza do Criacionismo.
O que é um Estado Laico? Certamente a expressão "laico" não adquire o sentido de "irreligioso" ou "ateu". Em um Estado Laico não se pode beneficiar uma religião em detrimento de outras, o que caracterizaria favoritismo. Todos têm o direito de crer no que quiserem, isso é fato. Agora, cabe refletirmos: ensinar, ou mesmo cogitar a possibilidade alternativa de se ensinar o Criacionismo (como proposta científica) iria prejudicar a democracia em quê? Desde que alunos tenham a possibilidade de avaliar modelos de origens ou visões distintas da ciência, a democracia estaria salvaguarda - muito mais do que ao se beneficiar um modelo em detrimento de outros.
Um exemplo pode ser útil. Imagine que uma corrente de pensamento, a qual defendesse a infidelidade de Capitu (do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis), se impusesse nos livros didáticos de Literatura. Entretanto, após a aceitação generalizada dessa corrente, surgisse uma outra, advogando justamente o oposto – a inocência de Capitu. Até aí, seria uma disputa justa entre formas opostas de pensamento. Mas, e se os professores que advogassem a primeira corrente conseguissem apoio e, através da sanção de uma lei, impedissem o ensino do pensamento diferente? Seria isso democrático? Favoreceria os educandos confiná-los ao acesso a uma forma de ver as coisas?
Quanto ao segundo ponto, o que dizer de uma suposta "distinção fundamental" entre ciência e religião? Trata-se de uma típica falácia Argumentum ad Nauseam (na qual algo que é repetido à exaustão adquire foros de verdade). Criacionismo não é religião. Claramente, o Criacionismo tem pressupostos calcados no Teísmo bíblico (e isso no Ocidente; os muçulmanos também advogam um outro tipo de Criacionismo, o que não interessa aos propósitos dessa discussão). Se pensarmos no Evolucionismo, poderemos notar que sua matriz filosófica também norteia uma determinada praxis. Ambos os modelos trabalham com inferências, levantamento de dados, avaliação, hipóteses, construções de teorias, etc. As descobertas que fazem agregam conhecimento, mas não mudam a orientação filosófica dos modelos. Nesse aspecto, Criacionismo e Evolucionismo são similares. A prova é que os primeiros a empregarem o método científico eram... criacionistas!
O segundo Marcelo se preocupa com uma questão antiga: o argumento da primeira causa, o qual remonta aos filósofos gregos e a Agostinho. Tudo tem uma causa, o que pressupõe uma sucessão de causas concomitantes e sucessivas, desencadeadas por uma causa primeira, ela própria incausada. Tal argumentação lógica tem servido como inferência da ação criadora de Deus, encarado como a primeira causa.
Marcelo Gleiser trabalha no sentido de negar a necessidade de uma causa tal. "[...] Esse é um debate ferrenho que, infelizmente, entrava o progresso cultural." Deveríamos perguntar a Gleiser como ele justificaria essa afirmação, se hoje é sabido que tais questionamentos, de natureza teológica e filosófica, acabaram criando o pano de fundo para o desenvolvimento da ciência, ainda durante a Idade Média e, mais tarde, para a revolução ocorrida a partir do século XVII. Uma vez que Geisler fez a afirmação, que ele se encarregue do ônus da prova.
À frente, ele continua: "[...] A ciência não se propõe a responder a todas as perguntas. E por um motivo simples: nós nem sabemos que perguntas são essas. Dado que jamais teremos um conhecimento completo da realidade, jamais poderemos construir uma narrativa científica completa."
Oposto ao triunfalismo disfarçado de Marcelo Leite, que desqualifica o Criacionismo, vociferando que só o Evolucionismo é ciência, o seu homônimo expõe a debilidade da ciência, afirmando coisas que fariam Dawkins corar - de raiva! Em seu livro, O Capelão do Diabo, Richard Dawkins escreve um capítulo contra o relativismo na ciência, reivindicando a condiçãoda ciência como detentora do verdadeiro conhecimento. [3] Contudo, Gleiser prefere a essa certeza máxima a "simplicidade do não-saber". Curiosamente, os darwinistas acusam cristãos de fomentar a ignorância e de crerem no que não podem explicar!
A declaração final de Gleiser é tentadora, no sentido de favorecer uma leitura que a ampliasse, tornando-a um severo juízo sobre a própria cosmovisão evolucionista (embora, muito provavelmente, o autor não quisesse dar a entender isso): "[...] prefiro continuar tentando [ao invés de admitir Deus como causa primeira] e aceitar que, por ser humano, minha visão de mundo tem limites."
Nas duas colunas analisadas, percebe-se que velhos preconceitos impedem os autores de encarar pressupostos com base religiosa apenas pela própria base religiosa. Este tipo de falácia genética, infelizmente, tem marcado a nossa época, impedindo uma averiguação racional de pressupostos cristãos. Esperemos que mais consideração sobre causas e efeitos favoreçam o debate, substituindo o preconceito, promotor de um não-debate, o qual a ninguém favorece.

[1] Ambos se encontram em Folha de São Paulo, ano 89, nº 29.397, 27 de Setembro de 2009, 3.
[2] Matheus Siqueira, Entrevista com a Ministra do Meio Ambiente Marina Silva, disponível no Éoqhá.

[3] Richard Dawkins, O capelão do Diabo (São Paulo, SP: Companhia das Letras, 2005), 36.



sexta-feira, 25 de setembro de 2009

GLOBALIZAÇÃO DA RELIGIÃO


Reproduzo entrevista de Prof. Joan-Andreu Rocha Scarpetta, vice-decano de jornalismo da Universidade Abat Oliba CEU, de Barcelona ao site católico Zenit.

--As religiões se globalizaram. Isso é positivo?

--Rocha: A globalização produziu o desaparecimento das fronteiras religiosas e as religiões mundiais hoje estão presentes em todos os lugares.

Produziu-se o que os sociólogos chamam de um “passo da religião à espiritualidade”: as formas tradicionais religiosas de adesão estão mudando e se passa, em alguns contextos, de uma experiência religiosa organizada a uma forma de fé e de espiritualidade personalizada, o que eu chamaria de “lightização” da religião, por seu aspecto “light”, superficial.

--Tão “light” é a religião, que crença e prática se diluem. Estaria de volta o “sou crente, mas não praticante”?

--Rocha: Hoje se torna mais evidente que se crê sem pertencer e se pertence sem crer: a maioria das religiões enfrenta a polarização de ter pessoas espirituais que não pertencem a tradições religiosas e membros culturais que não são crentes.

Volta-se às identidades religiosas. Diante de um panorama de incerteza cultural, as identidades religiosas tendem a definir-se de maneira extrema: fundamentalismo ou transcendentalismo místico.

Comunicativamente, dá-se uma tendência interessante: o ágora mediático se converteu em um novo espaço para os encontros religiosos.

Outra característica das religiões hoje é a tensão entre duas formas de representação religiosa: a institucional e a carismática, nem sempre em harmonia. E isso pode confundir os comunicadores.

--Os jornalistas que se ocupam de religião estão trabalhando mal?

--Rocha: Há excelentes profissionais que fazem a cobertura da religião de forma exemplar, mas também há muitos clichês. Quando falo com jornalistas que se ocupam de religião, costumo sugerir-lhes sempre que, ao fazer informes ou artigos sobre a temática religiosa, não se esqueçam do aspecto de pluralidade nas tradições religiosas, que contêm uma grande multiplicidade de grupos e sensibilidades.

Neste sentido, um evento como o de São Paulo é muito pertinente, pois os jornalistas carecem de estratégias, dados, contexto... E para os que lideram as comunidades, seria útil saber do que um jornalista precisa, o que não costuma ser uma homilia completa, mas uma manchete; e alguém a quem poder recorrer, que retorne as ligações, que lhe trate bem e não fuja dele.

--Existem jornalistas que consideram as religiões como estáticas e fora de moda.

--Rocha: As tradições religiosas estão vivas; são mutáveis e dinâmicas. Um jornalista não deveria só prestar atenção nas crenças dos grupos religiosos, mas em como estas são colocadas em prática. E verá como não são estáticas.

Além disso, verá que contêm elementos de comunicação: uma mensagem, muitas vezes um profeta, um livro... Mas em si, estes elementos não se integram no mundo mediático; é preciso procurar a forma de canalizá-los.

As religiões têm maneiras privilegiadas de comunicar-se, o que não significa que seus líderes ou representantes tenham de ser especialistas mediáticos. Uma esperança são os informadores que se dedicam à religião, tarefa que, se bem feita, torna-se um benefício enorme para a religião e para a qualidade da mídia.

Leia também:

Cristãos no mundo pós-moderno

Pós-modernidade à luz de 2 Pedro

SUJEITO HOMEM


Carlinhos, ex-técnico do time juvenil de futebol do Flamengo, viveu fortes emoções no último dia 23. Ele se reencontrou com o maior pupilo, o centroavante Adriano, a quem ele revelou como atacante. Carlinhos contou várias histórias de quando o jogador ainda não era profissional, as quais podem ser lidas no G1.

O ex-técnico também comentou sobre a alegada indisciplina de Adriano: “Ele nunca precisou de comando forte. Sempre foi obediente e doce. Amigo de todos e dava exemplo. Nem sei se devo acreditar nessas histórias que saem na imprensa. Mas logicamente que, como ele ganhou muito dinheiro e fama, as menininhas andam em cima. E como Adriano é sujeito homem...”

Atente o leitor para a expressão sui generis "sujeito homem". O que ela quer dizer exatamente? Poderíamos considerar a existência de dois sujeitos, o dito homem e seu congênere, o "sujeito mulher"? Ou é de se pressupor que existam sujeitos menos homens, quer dizer, homens não tão viris, em contraponto aos machões, homens com "H" maiúsculo?

Resta considerar a implicação mais relevante: o que caracterizaria o tal sujeito homem? Seria aquele que, cercado pelas mulheres, seria obrigado a revelar sua masculinidade, agindo de forma promíscua? Um marido que chegasse em casa após uma "puladinha de cerca" e, eventualmente, encontrasse a mulher esperando suas desculpas, teria o direito de se explicar dizendo: "Amor, sabe como é, não pude evitar; sou 'sujeito homem'"?

Parece-me estranho desculpar os deslizes morais da carreira de Adriano (muitos dos quais divulgados pela imprensa, como consumo de álcool, envolvimento em noitadas com prostitutas, etc) alegando que, pela sua condição masculina, ele estaria desobrigado de ter uma conduta moral. Apesar de seu inegável talento e faro para gols, Adriano não é mais ou menos homem por agir da forma como a veiculada pela mídia. A história bíblica de José é um exemplo memorável de alguém que foi fiel a princípios, sem perder um naco de virilidade. No mundo da bola, o jogador Kaká, atualmente no Real Madrid, revela que futebolistas bem sucedidos podem ser pessoas íntegras.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

PASTORES OU LOBOS?

Gustavo Rocha, ex-pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, em entrevista à revista Época, declarou como desempenhava suas funções “ministeriais”, a partir de quando recebeu uma igreja para cuidar:

Fiquei tranquilo [diante do encargo] porque eu já tinha aprendido o trabalho. Ele [o Bispo Macedo] me ensinou o seguinte: como era uma igreja pequena, primeiro eu tinha de fazer um atendimento corpo a corpo, conversar com cada um dos membros da igreja, visitar a casa, participar da vida. Eu levantava toda a vida da pessoa e determinava o dízimo. E eu ia colocando na cabeça das pessoas. Elas chegavam para contar alguma coisa: “Pastor, fui viajar e bati meu carro.” Eu dizia: “senhora está sendo fiel no dízimo?”. Ela dizia que não. Então eu falava que era por isso que ela tinha batido o carro. Óbvio que não tinha nada a ver, mas era uma questão de mexer com o psicológico, para que ela pensasse que as coisas ruins aconteciam por causa de um erro dela, e não por um erro da igreja ou um erro de Deus. Eu tinha de fazer aquela pessoa acreditar que o dízimo dela era uma coisa sagrada. Noventa por cento das pessoas que vão à igreja, e isso eu ouvi do bispo Macedo, não vão para adorar a Deus. Vão para pedir, porque têm problemas no casamento, nas finanças, de saúde. Então o bispo falava: “Você chega para a pessoa e diz: Você está com problema financeiro, não está? Eu sei, eu estou vendo que sua vida financeira não está boa”. É muito fácil. Por serem pessoas humildes, elas estão mais propensas a certos problemas[1].
Não custa relembrar destas imagens comprometedoras:

[1] Mariana Sanches, Aprendi a extorquir o povo, depoimento de Gustavo Rocha, Época, 21 de Setembro de 2009, p. 43.

MUITO MAIS DO QUE PRAZER FÍSICO



DA CIRCUMENÇÃO FÍSICA PARTÍCIPES

Da circumenção física partícipes:
Na inócua transigência atrás de frases,
Ao frêmito de quadris e ardor de bíceps;
Viram o amor? Êxtases mais sequazes
Nutrem a incompleixão do amor carnal.
E o amor que se doa, halo de humildade?
E o amor que quer para o outro o bem final,
Crisálida em que dorme a santidade?
O amor que enfrenta a vida é o amor puro;
“Fazer amor”? Amor vem feito, em grãos:
Se o cultivam num chão que, embora duro,
Seja cuidado, vêm às nossas mãos

Algo superior a um gozo lesto:
O amor de Deus frequente em cada gesto.

ELE TAMBÉM NÃO SABIA

Bento XVI e a desculpa da moda: Lula deve estar andando muito pelo Vaticano

Os brasileiros engoliram a seco as desculpas de seu presidente, quando ele declarou não saber nada a respeito do mensalão, esquema de corrupção em que os principais envolvidos seriam pessoas ligadas diretamente a Lula.

Pelo visto, a alegação de desconhecimento está na moda: ontem o site
zenit divulgou a mesma desculpa, agora dada por ninguém menos do que o Papa Bento XVI. Ao reintegrar o bispo Richard Williamson, o pontífipe não preveu a dor de cabeça que isso lhe daria. Uma entrevista divulgada a posteriori apresentava Williamson negando o holocausto. A repercussão foi tamanha, que ameaçou causar um rompimento entre Israel e o Vaticano.

Como já vimos anteriormente, o papa não se cansa de ensaiar uma reaproximação com os judeus desde então. Para completar, vieram as declarações publicadas ontem: Bento XVI desmente que possuísse qualquer ciência das teses negacionistas do bispo anti-semita. O Pe. Federico Lombardi, SJ, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, também saiu em defesa do líder católico: “Não tem nenhum fundamento afirmar ou sequer insinuar que o Papa teria sido anteriormente informado sobre as posições de Williamson.” Pelo jeito, afirmar desconhecimento perdurará como uma boa desculpa por longo tempo...

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

LULA E A NOVA ORDEM

"Os temas que estão no centro das nossas preocupações, a crise financeira, a nova governança mundial, e a mudança de clima têm um forte denominador comum. Ele aponta para a necessidade de construir uma nova ordem internacional sustentável, multilateral, menos assimétrica, livre de hegemonismos e dotada de instituições democráticas. Esse mundo novo é o imperativo político e moral.”

Lula, presidente brasileiro, em discurso proferido hoje, na abertura da 64ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, disponível no G1. Essa combinação entre "nova ordem internacional" (ainda vista como "multilateral"), "crise financeira" e "mudança de clima" apontam para o cumprimento das profecias apocalípticas.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

DEUS, FAMÍLIA E A TEORIA GERAL DOS SISTEMAS


Os terapeutas familiares estão hoje tentando entender as relações familiares a partir de conceitos recentes, como é o caso da Teoria Geral dos Sistemas. De acordo com essa teoria, os sistemas (e a família é um sistema) seriam compostos por elementos cuja totalidade seria maior que a simples soma das partes. Seus atributos seriam maiores do que apenas a soma dos atributos individuais de seus elementos. Abbate (1978), que é um dos estudiosos que tentou explicar essa teoria, diz que "sistema é um conjunto do qual nenhum dos elementos pode ser modificado sem provocar uma modificação nos demais". Se alguma mudança ocorre em um dos elementos, essa alteração afetará todos os outros. E isso fica muito interessante se a gente pensar que a família é um sistema que vive dentro de outro sistema (que é o seu bairro, a cidade, o estado, o pais), e que ao mesmo tempo convive ainda com outro sistema, que é a natureza. Tudo isso está dentro da Terra, que se situa em nosso sistema solar, que está no Universo. Então, se a Teoria Geral dos Sistemas está correta, e sabemos que está, todos esses sistemas se interrelacionam e se afetam mutuamente.

A validade dessa teoria dos sistemas pode ser comprovada com muita facilidade em um sistema relativamente pequeno, como é o caso da família. Quando um dos membros se desequilibra, afeta a todos os outros, em maior ou menor grau. Esse desequilíbrio pode ter sua origem no insucesso escolar de um filho, o desemprego de um dos pais, um câncer, uma gravidez precoce, ou até uma aventura extraconjugal por parte de um dos cônjuges. Tudo isso pode afetar negativamente o sistema e produzir sofrimento. Por outro lado, quando um dos membros encontra-se equilibrado e feliz, pode exercer influencia positiva sobre os demais. Mas o que muita gente que estuda os sistemas esquece é que existe um Ser que está ao mesmo tempo fora e dentro dos sistemas. E a Bíblia fala dEle como sendo Aquele por quem todos os sistemas foram criados; aquele que existe antes de todas as coisas; e aquele em quem tudo subsiste, inclusive os sistemas. É por isso que só Ele pode reconciliar consigo mesmo todas as coisas (Colossenses 1:16-20), devolvendo o equilíbrio a todos os sistemas em sofrimento por causa do pecado.

OBAMA E A PERDA DE MOTE DOS RADICAIS ISLÂMICOS


O G1 publicou relatos do crescimento da liberdade religiosa no Egito, país de maioria muçulmana. Entre os fatores elencados para o crescimento de opiniões divergentes, para ficar com dois, estão o crescimento de mídias alternativas, como a internet, por exemplo, e a imagem de Barack Obama no Oriente.

Com ascendentes muçulmanos, habilidade de diálogo, pragmatismo e muito carisma, Obama diminuiu o rancor que o mundo árabe nutria contra os E.U.A, sobretudo durante a era Bush. Além disso, ele ajuda a enfraquecer o argumento dos radicais fundamentalistas, a saber, de que os Estados Unidos seriam inimigos naturais do Islã. Ao que parece, a influência americana sobre outras nações tende a se ampliar. E tudo caminha na direção da profecia de Apocalipse 13, na parte que trata da ascenção da "segunda besta" (o poder político americano).

Colaboração: Daniel Alves

REALMENTE, É PRECISO ESTUDAR!


R.R. Soares: até de Botânica o homem entende!


No sábado à noite, cheguei em casa e resolvi assistir algum programa na televisão. Uma vez que li recentemente um livro sobre neopentecostais, passando pelos canais, detive-me no Show da fé, do missionário R.R. Soares. À certa altura, o missionário fez propaganda dos cursos superiores que a faculdade da igreja oferecerá a partir de 2010, como uma forma de dar ocupação à juventude. Será oferecido o curso de comunicação (superior) e desenho (técnico). "Se depender de mim", asseverou R. R. Soares, "todo mundo faria o terceiro grau." Ele ainda completou, ponderando que a mente humana precisa de estudo para se expandir
Confesso minha surpresa diante da postura do religioso, uma vez que muitos líderes neopentecostais desprezam o conhecimento ou mesmo os estudos. Mas minha impressão favorável durou bem pouco, infelizmente. Seguiu-se àquele momento uma seção de perguntas e respostas. Um vídeo mostrava uma mulher indagando sobre o que seria hermenêutica. Novamente, Soares fez outro comercial, desta vez do instituto AGRADE (Academia Teológica da Graça de Deus).
Segundo ele, se a pessoa que fez a pergunta estudasse lá, saberia o significado de Hermenêutica, que ele explicou (corretamente) como sendo a arte de interpretar a Bíblia. Até aí, nada de mais. Contudo, qual não foi minha surpresa (desta vez, negativa) quando R. R. Soares afirmou que, no que se relaciona à Bíblia, "Hermenêutica é furada", porque "as coisas espirituais se entendem espiritualmente" (numa citação estapafúrdia de 1 Co 2:14). Para o missionário, o seminário teológico de sua denominação inclui a Hermenêutica no currículo por obrigação, não porque seja de alguma serventia.
Para ter uma refutação eficaz da tese proposta pelo religioso, precisei assistir mais dois minutos de seu próprio programa; Soares respondeu a uma segunda pergunta, sobre o significado de águia na Bíblia: "Águia na Bíblia é mesma coisa que na Botânica", disse ele, para em seguida se corrigir: "na Zoologia". Naturalmente, Soares ignora a linguagem simbólica, que na Bíblia convive com a linguagem literal; a águia pode representar, por exemplo, o reino da Babilônia, opressor de Israel (Ez 17, especialmete versos 11-ss). Veja quantos usos o termo leão adquire em diversos textos: Gn 49:9; Jz 14:5,6; 1 Pe 5:8; Ap 5:5.
Jesus debateu com líderes religiosos sobre questões interpretativas (cf.: Mt 19:3-9; 12:2-7; Mc 7:5-8; Lc 10:25-28), mostrando que valorizava a hermenêutica correta, baseada em um estudo cuidadoso do contexto. É bem verdade que apenas o Espírito Santo pode nos levar a uma compreensão aprofundada e prática da Verdade bíblica. No entanto, isso não substitui o estudo das regras de interpretação, o qual é oriundo de profundo respeito pelo Deus que inspirou a Palavra, bem como de reverência pela mesma Palavra.

Denominações como a de Soares solapam a autoridade escriturística na vida do crente ao valorizar uma interpretação subjetiva e superficial de seus textos, os quais servem para motivar os fiéis a continuar contribuindo financeiramente com a igreja, sem qualquer senso crítico. Ironicamente, o missionário, em entrevista para a revista Comunhão, declarou que as "pessoas têm pouca informação da Palavra de Deus; têm mais de religiosos. As igrejas pecam nesse particular. Cada uma defende seus princípios, regras, credos e esquecem de pregar somente a Palavra do Senhor Deus. [...]". Não sei como R. R. Soares espera reverter o quadro, se ele próprio não parece conhecer profundamente o livro sobre o qual prega há tantas décadas...

sábado, 19 de setembro de 2009

COLUNA EM FOCO


Convido aos leitores de Questão de Confiança a conhecerem a coluna que mantemos no site IASD em Foco. Clique aqui para ter acesso às matérias.

PROPOSTA A UM PASTOR

Gauchiando as graxas Tropel inseguro Fôlego de acuado E ele Ele não podia se enganar Não era mais nenhum garoto Como o que um dia cresceu entre incensos e pompas dos mitos no Egito Prestes a dar um abraço-sobrado O terreno parece-lhe instantaneamente outro A terra muda de aspecto Adamardente se tornando Seus sentidos convocam um temor reverente Submisso à presenças mais imponentes Cessa o rumor-pés E o arco da íris vislumbra uma sarça Indeciso Mal sabe se fica e descobre Ou corre e se convence de que tudo não passou de um desatino Que desatino o quê Aquilo era real Algo tangível Seria mesmo Que tal ver e tirar a prova Lacraneiramente Um vento lhe espicaça as costelas Fustigadas por temores de um passado emergente Costelas de um ancião Vale dizer A sarça Cinzas-oxigênio Fruto de contrastes inexplicáveis Quando a razão lhe alcança A voz de uma potência que se escondia A vida fluindo Com que aflição o chamado o encontra Deus animando seu espírito acostumado aos currais de Midiã Indiferente ao papel-salvador O ruído-faca que a voz instala Cortando-o medularmente para se apresentar diante do homem que esmagou o mundo sob seu cetro Ele não podia se enganar Não era mais nenhum revolucionário viril Como o que matou um feitor que maltrava um patrício Ser enviado assim Mas por quem Ah Aquele O Mesmo que falara aos patriarcas O Eterno O Juiz dos povos que habitam os continentes Procurador de raças que se instalaram em ilhas distantes Justo ele era o escolhido pelo Deus de seus pais para um desafio suicida A vara Ele a larga e Epa Acode Acode De onde veio a serpente Basta uma ordem Ainda vascila Sua frio Recobre a coragem A serpente Novamente é vara E agora Credo Peito da cor da neve Só pode ser lepra Deus No íntimo Se divertia com o susto que Seu filho tinha das coisas que julgava impossível E Ao mesmo tempo Batia-Lhe aquela tristeza Pela desconfiança do Seu mensageiro Tinha à Sua frente um líder em perspectiva Instrumento certo Todavia Cheio de momentânea incerteza Finalmente o encontro termina O homem depende de um braço humano E o condescendente Senhor permite que ele encontre um par Seu próprio irmão A sarça volta a ser uma entre tantas Sem labaredas aureolando seu contorno debilitado Só o pastor se enche de uma eterossidade camuflada por seus cuidados de ofício Mas sem poder se enganar Não era mais o mesmo depois que a Língua-galáxia incutiu Seu ideal em seus ouvidos Acha a ovelha E tem outra a buscar Israel

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

ELEIÇÃO DE MARINA POR UM PASSE DE MÁGICA

Alguém aí precisa de um bruxo?

Observe que há tempos os comícios cederam a vez para os showmícios. Não estou pedindo a volta de discursos inflamados, recheados com promessas vagas e musiquinhas que insultavam a inteligência da população. Abaixo os comícios, retóricos e antiquados! Em seu lugar, porém, deveríamos esperar que os candidatos apresentassem o plano de governo, respondessem perguntas, enfim, nos convencessem. Mas, o que é isso, minha gente? Aqui é terceiro mundo! E o povo quer é mais festa. Daí, os candidatos pensam: "Vamos chamar alguma dupla sertaneja e subir no palco com eles, abraçar meia dúzia de artistas (de preferência, os globais) e enxugar as promessas, porque o povo nem mesmo ouve o que se diz!"

A práxis eleitoreira no Brasil evoluiu dos conchavos e da retórica, que impressiona sem comunicar, para o foco na imagem do candidato e nas personalidades anexadas à sua companha. Até nas atuais conjunturas, quando o país atravessa (mais) uma crise ética na política, é de se questionar que as ideias sejam postas nos holofotes.

Prova de que a imagem do candidato continuará em foco é o sintomático exemplo de como o PV está ocupado em buscar boas companhias para acompanharem Marina da Silva no palanque. A ex-ministra, ícone da luta em defesa do meio ambiente, evangélica e com histórico de boa menina, ainda não tem, diríamos, apelo suficiente. Além de usar frases de seu guru intelectual e apoiador, o escritor Augusto Cury, Marina ainda poderá receber apoio de dois outros escritores: Paulo Coelho e Gabriel Chalitta (também vereador paulista pelo PSDB).

Causa estranheza que uma candidata evangélica se associe com um autor de tendências esotéricas (não à toa conhecido como Bruxo) e outro conhecido pela sua amizade com um padre (Chalitta escreveu um livro em parceria com Fábio de Melo, o padre-pop do momento) - ainda que essa associação aconteça por força do partido. Mas tudo em nome da imagem! Quem sabe algum dia as ideias ganhem algum destaque na política tupiniquim...

Informações extraídas do site Opinião e Notícia.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

PAPA QUER MAIOR PROXIMIDADE COM OS JUDEUS


O papa já asseverou: quer visitar a comunidade judaica em Roma até o fim do ano. O jornal Estadão informou que Bento XVI busca sua "proximidade pessoal e a de toda a Igreja Católica" em relação aos judeus.

Apesar da falta de carisma, se comparado a João Paulo II, o pontífice anterior, Bento XVI prossegue com ações ecumênicas significativas, que, por vezes, esbarram em suas declarações estritamente dogmáticas. No caso dos israelitas, o esforço para reconquistá-los se deve, em parte, a um afastamento provocado por dois fatores: o caso Williamson e a intenção desastrosa de beatificar Pio XII.

Em Janeiro desse ano, Richard Williamson, bispo sueco ultraconservador, foi reabilitado pelo papa. Sua ordenação fora "anulada", uma vez que ocorrera sem a autorização do Vaticano. Após a reintegração, divulgou-se uma entrevista dada anteriormente por Williamson, na qual ele relativizava o holocausto. O fato de Roma não banir o bispo causou mal-estar na relação entre católicos e judeus (isto apesar do mea-culpa de Williamson; para mais detalhes, leia
aqui).

Entrementes, o desejo de Bento XVI de beatificar o papa Pio XII gerou manifestações contrárias em Israel; isso por que historiadores já haviam exposto a forte ligação entre Pio XII e Hitler. Por essa época, uma frase colocada em um museu de Israel, desfavorável ao falecido chefe da Igreja Católica, acabou embaraçando Ratzinger quando ele pretendia visitar a Terra Santa.

Os dois fatores mencionados contribuiram para desentendimentos entre judeus e Bento XVI. Agora, o papa ensaia a reaproximação com o grupo monoteísta mais antigo do mundo. Da perspectiva bíblico-profética, os esforços do papa confirmam o que o Apocalipse 13 apresenta sobre a volta e predomínio da primeira besta (símbolo para a instituição político-religiosa que é a igreja de Roma). Podemos nos certificar de que o ecumenismo aconterá em sua plenitude, ocasionando uma polarização entre dois grupos - os que se unirem à Roma e os que fincaram as estacas nos limites da Verdade das Escrituras. Vale lembrar que a decisão sobre a qual lado pertencer será individual. Cabe a cada cristão se preparar para isso.

Leia também: CATÓLICOS E LUTERANOS: MAIS PRÓXIMOS DA UNIÃO?
Papa fala sobre o sábado com os judeus

Leia mais: Crítica adventista à Caritas in Veritate, última encíclica do papa (parte
1 e 2)

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

DEUS NÃO ESTÁ ESCRITO NOS GIBIS

O casal original segundo Crumb: literal, pero no mucho!

Engrossando a lista daqueles que repudiam a visão vétero-testamentária da divindade, está o cartunista Robert Crumb, idealizador de Gênesis, a ser publicado pela editora Conrad.

Via de regra, essa gente que sai pelo mundo afora criticando Deus e Sua Palavra se perde nos idiomatismos da língua hebraica, tomando por literais expressões como “ira de Deus”. Outro problema: falta perspectiva contextual para entender o porquê de ordens drásticas, como àquelas que previam a conquista de Canaã e destruição de seus habitantes.

O mesmo tipo de pessoas que abomina crimes como pedofilia e estupro, e pede punições mais enérgicas contra crimes hediondos, não se dá conta da cultura dos povos cananitas, que admitiam práticas como sexo bestial e queima de crianças vivas. Por outro lado, argumentar que tais comportamentos eram apenas culturais ou pedir respeito às crenças particulares deles significa absolver quem quer que atualmente pratique algo semelhante!

Voltemos a Crumb, que havendo sonhado com Deus em 2000, resolveu produzir uma versão em HQ do livro de Gênesis. O cartunista, em entrevista para a folha de São Paulo , afirma ter respeitado “palavra por palavra” do texto bíblico – o que não quer dizer que ele tenha qualquer consideração pela integridade da mensagem bíblica, ou sequer treino técnico para efetuar uma análise exegética. O “palavra por palavra” quer dizer que Crumb seguiu o texto ao pé da letra, sem levar em consideração a sua moldura cultural ou literária. Avaliando suas qualificações, Crumb conclui: “Não sou estudioso da Bíblia, ainda não conheço bem o resto dela, mas de certo modo me tornei estudioso do Gênesis.”

Que ninguém pense que qualquer impulso religioso (em virtude da experiência onírica já mencionada) levou Crumb a realizar o trabalho. “Estava com a idéia de ilustrar o paraíso, e um agente literário sugeriu que, se eu fizesse todo o Gênesis, ele arrumaria uma editora que me daria muito dinheiro para isso.”

Fica nítido que a motivação de Crumb levanta dúvidas sobre sua qualidade para expor artisticamente a história bíblica. Ele mesmo demonstra seu desconhecimento de comprovações arqueológicas e evidências literárias a favor da preservação do texto, ao fazer afirmações descabidas; segundo o artista, o fato de haver uma tradição oral desvirtuou muitos dos relatos, os quais “perderam todo o sentido”. Por isso, ele conclui que “eu não usaria o Gênesis como um guia moral.”

Obviamente, trata-se de uma estultícia pronunciar um veredicto a respeito de um texto, de cuja preservação não se pode ter certeza! E, note-se como Crumb faz exatamente esse tipo de julgamento sobre Deus: “É duro, severo, patriarcal e tribal. Cuida de sua tribo, os hebreus, que pressionam os outros.” Ora, se as informações textuais “perderam todo o sentido”, como é possível avaliar o caráter divino presente no texto?

Falta o mínimo de noção de história bíblica ao Gênesis de Robert Crumb. Desastrosamente, recriar Deus é um modismo; mas não se percebe que o Deus criticado não é Aquele que as Escrituras apresentam, porém, o Deus da livre-interpretação pessoal, isolado na leitura pós-moderna, pela qual se ignora a intenção dos autores originais. Esse Deus merece ser surrado, porque, em verdade, não é o Deus, mas o próprio reflexo de uma humanidade desiludida…
Colaborou: Gielen

terça-feira, 15 de setembro de 2009

A HUMANIDADE DE PIJAMA LISTRADO


As perguntas mais ingênuas feitas por Bruno (Asa Butterfield) ganham a mesma intensidade que seus penetrantes olhos azuis. No decorrer da ação de O menino do pijama listrado (direção: Mark Herman, EUA Inglaterra: 2008) uma realidade cruel se apresenta ao pequeno alemão de 8 anos, filho de um oficial nazista.

Por acaso, o menino, entediado com a nova casa (para a qual a família se muda depois que o pai é promovido),descobre um campo de concentração, embora ele não imagine o que seja isso. A partir de então, Bruno desenvolve amizade com o menino judeu Schmuel (papel do excelente Jack Scanlon), o que lhe permite penetrar num mundo diferente do seu - o da miséria humana, da tortura no campo de concentração, dos desaparecimentos sem causa e dos trabalhos forçados.

O que a mente do "explorador" Bruno não consegue conciliar é que seu pai (David Thewlis)seja responsável pelo sofrimento de tantas pessoas, o que o leva a lutar para justificar a ação paterna, perguntando-se se os judeus seriam realmente maus (como quer seu tutor) e mereceriam sofrer. Ao mesmo tempo, o garoto não vence acompanhar a mudança de mentalidade pela qual a irmã mais velha passa; a garota se torna uma nazista fanática, que defende a dizimação dos judeus.

Dramas comuns à infância, como a simplicidade no perdoar, a intromissão dos adultos nos relacionamentos infantis e a própria descoberta da complexidade do mundo, se conjungam com o sufocante clima de tensão na época da Guerra. O mal-estar maior se reflete na depressão que a mãe de Bruno (Vera Farmiga) sofre, ao descobrir o fim dado aos judeus no campo próximo de casa.

O desfecho, súbito e doloroso, desnuda qualquer conceito de superioridade de uma raça sobre a outra, mostrando que, quando estamos do mesmo lado da cerca, somos todos iguais. Desconfio que, por baixo de pijamas listrados e uniformes da SS, existisse a mesma carne e o mesmo sangue.

DIANTE DO JUIZ


Vejo livros no altar, grossos, com nomes junto
Às capas, que eram de ouro e ônix, e do átrio os cenhos
Iluminavam suas páginas, assunto,
Rodapés, margens, marca-texto e até desenhos,

Nos quais nada se altera ou se atira ao conjunto,
E o anjo media a altura, e via os desempenhos,
Se atro, se honesto, indo pesar todo bestunto,
Rins, bílis, sangue, baço, artérias e redenhos

Numa balança ao fundo, imensa, e, tendo o peso,
Grava-se sob o título uma das sentenças,
Quer inocente, quer culpado, e em horas densas

Segue-se até que não fique um só livro ileso,
E o Nosso Sumo Sacerdote em Seu Santuário
Media entre o homem e Deus com sangue vicário.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

TODOS ACREDITAM

Dawkins: ícone do ateísmo midiático

Divulgada recentemente, uma pesquisa do Datafolha de 2008 apresenta que um 1% dos jovens brasileiros (com idades entre 16 e 25 anos) assumem ser ateus. Curioso é perceber muitas das razões apresentadas para o abandono de crenças tradiocionais (em geral, o Catolicismo). Segundo recente reportagem da Folha de São Paulo [1], um dos fatores mais fortes é o fortalecimento de um ateísmo que eu chamo de midiático, mas que é mais bem conhecido como neoateísmo. Trata-se de uma postura engajada por parte de certos indivíduos e entidades que, além de apresentarem uma convicção ateia, preocupam-se em realizar um proselitismo quase religioso, buscando convencer outros de que Deus não existe. Para eles, não basta conquistar o direito de não crer em Deus - eles querem mais: ninguém deve crer em divindade alguma!

Entre os proponentes dessa postura, está o polêmico biólogo Richard Dawkins. Como Dawkins, muitos estão convencidos da superioridade da ciência. “A reivindicação da verdade por parte da ciência é fortalecida por sua espetacular capacidade de fazer com que a matéria e a energia pulem das argolas de acordo com os comandos, e de perceber o que acontecerá e quando”, advoga Dawkins [2]. Como é comum entre os representantes dessa tendência, faz-se confusão entre ciência, como empreendimento humano, e cientificismo (ou, naturalismo filosófico, a crença pela qual não se admite a existência de seres sobrenaturais e que restringe a matéria ao mundo físico).

Muitas das conquistas científicas da qual Dawkins se gaba foram desenvolvidas num cenário em que o Cristianismo era o referencial intelcetual. A ciência, como atividade humana não pode provar se Deus existe, ou se não existe, por que isso não constitui seu objetivo. Pode-se partir de uma base cristã ou naturalista para realizar ciência; mas para averiguarmos qual dos dois modelos é mais confiável, deveríamos questionar como ambos tratam as evidências e até mesmo inspecionar a base filosófica por trás das visões distintas sobre a práxis científica.

Outras razões para o abandono da religião está na confusão promovida pelas diversas manifestações religiosas, muitas das quais antagônicas entre si. Ora, esse não é um problema restrito ao Cristianismo: cientistas discordam entre si o tempo todo; há várias escolas rivais de astrólogos; xiitas e sunitas não são os melhores amigos do mundo!

Entretanto, a melhor forma de avaliar movimentos divergentes que partem de um mesmo ponto de origem, é justamente investigar a base. No que tange aos cristãos, se eles admitem que creem na Bíblia, que se examine a Bíblia, para ver quem realmente a segue! A dificuldade quanto a este método está relacionada com o crescente desconhecimento da Escritura sagrada dos cristãos. Logo, muito são ateus por ignorância, não por serem "brilhantes" (como se intitulam Dawkins e seus confrades).

Curiosamente, alguns jovens ateus reclamam de discriminação; parece-me, entretanto, que a postura ácida que muitos adotam mostra que eles mesmos manifestam mais preconceito do que dizem sofrer! Não vejo mente aberta em ateus que acusam os cristão de "dogmáticos" - quem disse que os ateus não podem ser fanáticos e seguirem "doutrinas" peculiares?

Em meio ao cenário de ventos favoráveis ao ateísmo, só resta aos cristãos desempenhar uma forma inteligente de abordar as críticas e dúvidas daqueles que, sincera ou insinceramente, se levantam contra Deus e a Bíblia, e fazê-lo com a esperança de que um diálogo aberto revele de que lado está a Verdade.


[1] Juliana Calderari, Eu não acredito, Folhateen, 14 de Setembro de 2009, pp. 6-7.
[2]Richard Dawkins, O capelão do Diabo (São Paulo, SP: Companhia das Letras, 2005), p. 36.

COSMOGONIA E FAMÍLIA


No princípio, criou Deus os céus, e a terra... e a família! Estamos falando da origem de todas as coisas. Cosmogonia é a ciência que procura encontrar explicações para a origem do Universo. E você pode estar se perguntando o que a origem do Universo tem a ver com a família? Muito! Aquilo que você acredita ter acontecido quanto à origem de todas as coisas vai acabar influenciando muito mesmo sua vida familiar.

Existem hoje duas correntes principais que procuram explicar a origem do Universo e da vida. Uma delas é o Evolucionismo, que procura fazer com que o acaso e o tempo se tornem "deuses" tão milagrosos quanto o Deus dos cristãos. Os evolucionistas acreditam que aquilo que não pode ser confirmado hoje, isto é, o surgimento da vida a partir do nada, tenha acontecido um dia, no passado, pela ação do tempo e do acaso.

A outra corrente que procura explicar o surgimento da vida e do Universo é o Criacionismo. Os criacionistas aceitam a Bíblia como sendo a Revelação de um Deus eterno e onipotente, que afirma ter criado os céus e a terra em sete dias literais, e que no fim da Criação realizou sua obra-prima: o homem e a mulher. De acordo com a Bíblia, é dessa época, isto é, de antes da entrada do pecado no mundo, que nos sobram hoje duas instituições: (1) o ciclo semanal de sete dias, terminando com o sábado, que é um dia separado por Deus na Criação para a comunhão com Ele, e (2) o casamento, que é um selo de compromisso entre um homem e uma mulher, que vão se tornar "uma só carne".

Bem, e o que isso tem a ver com a família? Se você acredita que Deus é mesmo Criador, então a natureza e a humanidade teriam sido feitos de propósito e com propósito. Viver fora desse propósito seria disfuncional, e traria prejuízo ao sistema, gerando perdas ou dor. Por essa corrente, quanto mais perto do modelo original, da Criação, sua família viver, mais chances terá de ser feliz! Deus, o Criador, nesse caso, é aquele que diz também como devemos viver dentro dessa relação para que desfrutemos de todos os benefícios planejados por Ele para o casal.

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domingo, 13 de setembro de 2009

ENDEUSANDO HERÓIS

Supergod: uso de simbolismo cristã em uma mídia cada vez mais mística

A editora americana Avatar lançará uma série, em 5 edições, intitulada "Supergod" (ou "super-deus"). Escrita por Warren Ellis e desenhada por Gary Gastoni, a trama abordará heróis idolatrados que se revoltam contra a humanidade. Ellis tem no currículo numerosos trabalhos pela Marvel, DC comics, Estúdios Wildstorm e pela própria Avatar. Dois dos títulos que escreveu para Marvel chamam a atenção pelas conotações religiosas: "2099 A.D. Apocalipsis" e "2099 A.D. Genesis".

Avaliando a premissa de Supergod, não se pode negar que heróis de HQs fazem uma transposição dos antigos mitos para a cultura pop, além de desempenhar papel na História contemporânea, no que tange à representação e propaganda de ideais (por exemplo, o caso do Capitão América em relação à Segunda Guerra). Dizer que personagens super-poderosos sejam idolatrados, exatamente como os mitos de povos antigos, é exagero; mas não tem como deixar de notar a relação deles com temas religiosos e místicos, principalmente no caso de personagens recentes (como Darkness e Spawn). Sem mencionar a influência nos aspectos que tocam à sensualidade (veja o filme do Spirit, por exemplo). Por outro lado, embora reflita esta realidade, Supergod parece reproduzí-la de forma acrítica, enquanto apenas se enquadra na tendência. Infelizmente, pouco se faz para oferecer um contraponto cristão...

Leia mais:


Colaborou: Gabriel P.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

HOMOSSEXUAIS E A ADOÇÃO NO URUGUAI


Em todo o mundo, testemunha-se medidas legislativas pró-homessexuais. Militantes tem reinvindicado direitos iguais aos que já contemplam heterossexuais. Um exemplo recente da tendência etá no Uruguai. O país acaba de aprovar pelo senado uma lei que dá a casais de homossexuais o direito de entrar com o pedido de adoção de crianças. Os protestos mais veementes contra esta lei ficaram por conta da Igreja Católica.

Segundo o
Estadão, esta é a primeira vez que um país sul-americano concede tal direito aos homossexuais. Pode-se esperar que tal medida desencadeie um efeito levedante, fazendo com que outros países votem leis similares. O portal Uol noticiou que no Brasil o Supremo Tribunal Federal arquivou uma ação do Conselho Interdenominacional de Ministros Evangélicos do Brasil (CIMEB), a qual questionava a lei de São Paulo que pune quem se manifestar de forma contrária aos direitos dos homossexuais. A CIMEB argumentou, com a devida vênia, que se trata de um tolhimento da liberdade de expressão, além de favorecer um grupo em detrimento de outros que sofrem discriminação.

É de se perguntar se o O arcebispo de Montevidéu, Nicolás Cotugno, não está certo quando pondera que a adoção por homossexuais "vai contra os direitos fundamentais do ser humano enquanto pessoa". Afinal, os gêneros masculino e feminino se completam e somente da união familiar de ambos se origina uma nova vida. Se biologicamente homossexuais não são capazes de gerar uma prole, por que deveriam ter direitos de constituir uma família? Parece-me que isto, de fato, desafia a própria índole e a continuação da humanidade.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

FAZENDO O MELHOR PELOS OUTROS


De mãos dadas com a sua mulher, o homem negro avança com nobreza até a saída da penitenciária. A imprensa e o povo se espremem na tentativa de vê-lo, acenando entre sorrisos confiantes. Os quase trinta anos de detenção são responsáveis pelas marcas de intrepidez no rosto de alguém que lutou pelo povo – pelo direito de voz e voto, de liberdade e cidadania, de justiça e igualdade para o homem negro. Era o fim do apartheid, regime que segregava desumanamente na África do Sul as pessoas de acordo com suas raças. As pressões internacionais aliadas às revoltas populares consolidavam a libertação de um dos maiores vultos do século XX: Nelson Mandela.

Ao longo da História, apenas poucos homens abraçaram causas humanitárias com tanto destemor e abnegação como Mandela. Isto porque é natural a todos nós buscar aquilo que é de nosso interesse, ao invés da procura por interesses alheios. Por isso, a vida dos herois que lutaram por seus países, povos ou grupos sociais nos emociona tanto!

Semelhante em disposição a Mandela, um estadista hebreu abriu mão de seus interesses, com o objetivo de priorizar o seu povo. Os judeus sofriam em exílio, inseridos em uma realidade mais atroz do que a enfrentada por homens e mulheres negros contemporâneos de Nelson Mandela. Tendo servido na corte desde a época de Nabucodonosor, o profeta Daniel permanecia na política, mesmo após a substituição da dominação babilônica pelo comando do império Medo-Persa. Na ótica do mensageiro de Deus, parecia que o cativeiro era interminável. Embora soubesse, pelo estudo das profecias de Jeremias (Jr. 29:10) que o exílio duraria 70 anos, Daniel sentia-se inseguro, uma vez que nada em seu horizonte apontava para o final do cativeiro.

Uma possibilidade começou a se desenhar na mente daquele estadista hebreu: será que o cativeiro não estava sendo postergado devido aos pecados do povo? Afinal, a própria razão de ser da condição dos judeus, arrastados para um país estrangeiro, tinha explicação na extrema rebeldia nacional, que os levara a rejeitar coletivamente a mensagem divina através de vários profetas, entre os quais contava-se o próprio Jeremias (2 Cr. 36:15-21). Se o comportamento rebelde da nação se repetisse, como Deus poderia abençoá-los?

Como você é capaz de notar, Daniel, a quem a Bíblia não atribui nenhum erro específico e que sempre procurou manter uma conduta exemplar, tinha motivos suficientes para criticar a postura de seus compatriotas. Aliás, não é assim que agimos ao perceber erros na forma como a liderança da igreja atua? Não criticamos os organizadores quanto o culto jovem fica aquém do esperado? Numa geração marcadamente influenciada pelo padrão de qualidade das emissoras de televisão, a exigência é constante. Temos uma percepção mais crítica em relação às atividades da igreja. Mas não para por aí. Tendemos a criticar indivíduos por suas deficiências e fracassos. Esse espírito corrosivo destroi, invariavelmente, volta-se contra nós mesmos, corroendo a espiritualidade – já que a crítica aos que nos rodeiam tira o foco de nós mesmos, deixamos de enxergar a “trave” de nosso olho enquanto reparamos no cisco que invade a retina do próximo (Lc. 6:42)…

Daniel, felizmente, tinha outra mentalidade; ele resolveu orar por seu povo. Não foi uma simples oração antes do almoço – Daniel realmente orou!Ele jejuou e deixou de usar as glamorosas roupas da realeza, passando a se cobrir com um tecido áspero, além de jogar terra sobre a própria cabeça, em sinal de humilhação na presença do Senhor. (Dn. 9:3)

Por favor, não deixe esta cena passar despercebida: Daniel intercede pelo seu povo. Em sua oração, não há discriminação entre ele e Israel como um todo; os pecados são confessados em nome de um “nós”, que engloba indistintamente Daniel e todo o povo. Que auto-conceito equilibrado Daniel manifestou possuir! Longe de qualquer sentimento de prepotência ou arrogância, ele se inclui entre aqueles que necessitam de restauração espiritual (Dn. 9:4-8).

Simultaneamente, o profeta e estadista revela um senso peculiar de dependência divina. Sua confiança na palavra de Deus confiada a Moisés praticamente dirige o raciocínio desta comovente oração (Dn. 9:10-13,SS.)

Não se trata apenas de chifres, animais exóticos, anjos e perseguições; estamos diante do desdobramento do grande conflito. Verdades ignoradas por muito tempo seriam revitalizadas. Um Deus justo acionaria Seu julgamento para condenar o poder romano e reivindicar a causa de Seus seguidores fiéis. Daniel 8 revela a luta entre o bem e o mal. A batalha é muito mais antiga do que muitos podem entender em uma leitura superficial do texto. E o mais importante, dentro dessa batalha, é que você escolha de que lado vai lutar.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

FORMA E ESTRUTURA DO TEXTO - SOBREVIVENTES DO PÓS-MODERNISMO


“É interessante que mesmo depois da assunção desse sujeito [fragmentado no século XX], depois de Freud, de Niezsche, de Marx, a ideia de deciframento das estruturas permanece. Essa noção da força estrutural da linguagem organizada, que substitui aquela palavra autoral, mantém a noção do sentido intrínseco, imanente. O texto detém sua verdade e a análise será o exercício de simulacro do texto. A reconstrução seguindo certas regras leva à noção de que o sentido é prisioneiro da forma e da estrutura.”

Eliane Yunes, Elementos para uma história da interpretação, em idem (org.), Pensar a leitura: complexidade (Rio de Janeiro, RJ; São Paulo, SP: Edições Loyola, 2002), p. 101

CONTAGEM DE OSTRACAS

A Diogo Cavalcanti

Tens sobre a ebúrnea sombra a voz de escárnio? Ignore-a!
Vá, íntegro ao chamado; ignora aplauso ou vaia.
Impeça ao que se chama opinião que subtraia
De Deus a única Glória, e em lugar te dê glória.

Ponha outro prêmio (além de ti mesmo!) na memória
E deixa que o teu nome entre arrogantes caia.
Observa o desempenho em tua própria raia,
Embora o êxito não seja obra meritória.

Que te pisem, e mãos te arranquem os espólios;
Quando a escama de pus deixar livres teus olhos,
O melhor que há em ti virá de imagens fracas.

Na nitidez da cruz, serás ímpio e temente,
E o quadro te fará mudo ao andares em frente
– Atento a Deus e alheio à contagem de ostracas.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

SÍNDROME DE KORSAKOFF E O ÁLCOOL: É MELHOR NÃO SE ESQUECER!

Adam Sandler e a Drew Barrymore, em Como se fosse a primeira vez: o que na comédia serve como metáfora para a conquista, na vida real é o drama de muitas pessoas

Uma reportagem publicada na revista Mente e Cérebro [1] trata da síndrome de Korsakoff, a qual leva o paciente a não "reter por mais de um minuto nenhuma informação fornecida oralmente ou por escrito." Tal síndrome "é causada por lesões no cérebro", sendo que a origem desta forma de amnésia se relaciona com "uma deficiência da vitamina B1 (tiamina) devido ao abuso de álcool e desnutrição.

O filme Como se fosse a primeira vez (2004), usa a situação de Lucy (Drew Barrymore), que se esquece de experiências recentes após 24 horas, para falar da necessidade de reconquistar o amor a cada dia. Na clínica onde Lucy recebe tratamento, um outro paciente é apresentado às pessoas, para, em seguida, comprimentá-las novamente, como se não as conhecesse! A situação, engraçada no filme, é bem próxima a vivenciada por portadores da síndrome de Korsakoff.

Creio ter aí mais um bom motivo para se abster do álcool. Lembrar-se da advertência de Provérbios (23:31) é uma das formas de continuar, simplesmente, se lembrando!

[1] Patrick Verstichel, O homem sem futuro, Mente e Cérebro, ano XVII, n° 200, Setembro de 2009, pp. 52-57.
Um agradecimento especial à Gielen, pela indicação da matéria

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

MAKING-OF DA CIÊNCIA - AGORA FICOU MAIS FÁCIL O ACESSO

Anteriormente, havíamos disponibilizado a palestra Evolução, Criação e o making-of da ciência; mas graças aos nossos amigos, ficou mais fácil realizar o download do material .

Quero agradecer ao meu amigo Michelson Borges, por ter se disposto a contactar o site Advir; aproveito para dizer obrigado ao pessoal do próprio site Advir, que hospedou a palestra, facilitando assim o acesso aos interessados.

Espero que este material ajude crentes e céticos a repensar suas noções sobre as origens, confrontando ideias e fazendo escolhas ao lado das evidências.

Baixe a palestra aqui.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

MARCHA PARA JESUS OU PARA A CONQUISTA DO ELEITORADO?

Lula e a marcha: Vinde a mim todos vós, que podeis votar, e vos favorecerei

Lula apoia tudo e todos, de Sarney a Collor, de homossexuais a evangélicos. As alianças, incoerentes como nos pareçam (e sejam, de fato), visam promover a candidata do Planalto, a ministra Dilma Rousseff, embora a questão de sua sobrevivência política fique em aberto.

Ontem ainda, vimos mais um capítulo da novela, na qual o padrinho de Dilma tenta agradar a gregos e troianos: o presidente Lula instituiu a Marcha para Jesus dentro do calendário religioso do país. Sinal dos tempos: no maior país católico do mundo, um evento surgido graças a iniciativa dos evangélicos conseguiu ganhar as ruas das principais cidades brasileiras e agora recebeu endosso em nível nacional. E como avaliar isto?

Além da evidente manobra política do presidente, que sabe do potencial dos evangélicos (que já são 15% do eleitorado do país), há outras considerações. Qual o benefício da Marcha para Jesus? Na prática, o movimento é uma expressão cultural do meio evangélico, com destaque para igrejas que controlam grandes gravadoras. É o caso da Igreja Apostólica Renascer em Cristo, que mantém a Gospel Records. Curiosamente, os líderes da denominação, o apóstolo Hernandes e a Bispa Sônia, compareceram à cerimônia ontem, a qual ocorreu no Centro Cultural Banco do Brasil.

Se o evento possuia inegável vocação ecumênica, agora ganhou vocação de cabo eleitoral. Na abertura da cerimônia de onte, a ministra Dilma participou de uma oração proferida pelo deputado Marcelo Crivella, sobrinho de Edir Macedo, o bispo menos amado pela família Marinho. Como se sabe, Dilma Rousseff vem travando penosa luta contra o câncer, mas já se anuncia curada. Seriam as orações dos aliados neopentecostais?

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

A EMOÇÃO



Seguir o pulso do músculo cardíaco ou levar-se pelas lágrimas, além de não ser sensato, conduz a riscos para a alma. Em se tratando de assuntos eternos, nunca o impulso de um momento será suficiente para decidir com sabedoria.

O Espírito Santo deve ser atendido em preferência à voz de nossas emoções. Sua Palavra escrita é o GPS mais confiável; a mente do adorador constitui-se o meio pelo qual Ele quer nos habilitar a ouvir o que tem a nos dizer.Isto porque, enquanto as emoções passam num átimo, a Vontade divina vive pela eternidade, devendo ser, portanto, o alicerce da vida de cada ser humano.

A verdadeira emoção está no aprendizado da obediência à proposta divina para toda a vida. Quando aceitamos integralmente este plano, as emoções se purificam e perdem a tirania, pela qual nos submetiam a seus repentes caprichosos. A expressão de tais emoções acaba suavizada pelo domínio prórpio, um dos aspectos do fruto do Espírito Santo. As emoções são devolvidas ao quadro da vida, mas não mais competem para estar no primeiro plano.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A DIETA DA FÉ


Que pode querer um escravo de guerra senão a mercê genuína de manterem-no vivo Ao menos enquanto aprouver a seus senhores Levando em conta que o cativo é descartável Para aquém de inócuo Desprezível e inútil Nenhuma gota de vontade pode transparecer em sua compleição O escravo não suplica Ele se submete Seus andrajos devem lhe parecer supremamente mais favoráveis do que o escândalo de sua nudez Um escravo deve se alegrar com a ordem Pois seu senhor dignou-se a lhe dirigir a voz O escravo é uma alma esvaziada Não aquele escravo
Gabriel ouviu do Céu
Ao anjo que assiste diante do trono foi dito
Ele é meu amado
E eu cuido de quem amo
Um escravo que recuse da porção real Um escravo que se atreva a julgar o banquete como impureza Um escravo que não sinta devoção Ainda que fosse uma devoção mecânica e desprovida de fervor Pelos deuses de seu senhor
Meu Deus Tu és o Único Salvador
Minha Rocha Em quem confio dia e noite
Bem sabes Senhor Que sou Teu servo em tudo
Meu corpo é Teu templo Onde habitas e vives
Não o deixarei contaminar-se nunca
Ainda que me custe a vida conservá-lo

A inspeção encontrou os jovens apreensivos Conquanto quatro entre os cativos hebreus sorrissem interiormente Sabendo Com antecipada segurança Qual seria o resultado Apenas eles podiam prever Os encarregados Entretanto Esboçavam indiscretamente seu assombro E as figuras em seus rostos nada escondiam Como poderiam vegetais e grãos Acompanhados por água pura Revelarem-se fonte de saúde Ainda mais que abençoados não por um panteão Porém pela mão de um Deus Cujo povo Nabucodonosor vencera com um dedo
Gabriel sabia Ele mesmo escutara a voz do trono A voz que agora se ouvia irradiando gargalhadas