segunda-feira, 11 de junho de 2012

VITÓRIA CRIACIONISTA NA COREIA DO SUL


A revista Nature abordou recentemente a vitória do criacionismo na Coreia do Sul. O Ministério de Educação, Ciência e Tecnologia do país (METS na correspondente sigla em inglês) permitiu que muitas publicações didáticas excluíssem exemplos da evolução do cavalo ou mostrassem o Archaeopteryx como ancestral das aves, entre outras iniciativas. A resolução teria sido tomada sob a influência da Society for Textbook Revise ["Sociedade em prol da revisão dos livros didáticos", em tradução livre] (STR). Existiria uma ligação entre a STR e uma entidade criacionista no país.

A Nature ainda destacou que pesquisas mostram a antipatia da população com o evolucionismo. Não posso concordar que o termo "antipatia" seja adequado, porque pesquisas similares em outros países (como Brasil e Estados Unidos, esse último citado como exemplo pela própria reportagem) indicam que boa parte da população em outros países também não aderiu em sua maioria aos princípios darwinistas. Seja como for, 41% dos entrevistados da pesquisa sul-coreana acreditam que não hajam evidências científicas que respaldem o evolucionismo; 39% afirma que princípios evolucionstas contrariem suas crenças religiosas; por fim, 17% dizem não entender a teoria de Darwin.

Pelos dados, percebe-se que a maioria dos entrevistados não refuta o evolucionista necessariamente por serem ignorantes, mas por que, segundo opinaram, o conceito ainda careceria de boa sustentação. É bom destacarmos isso para que uma leitura tendenciosa não aponte (mais uma vez) que a maior adversária da evolução seja a ignorância. Não é o caso.

Aqui no Brasil a discussão ainda está lenta. Pessoalmente, acredito que estudantes seriam beneficiados pela exposição de argumentos dos dois lados. Ninguém ganha apenas silenciando o outro lado. O debate deve ser aberto para que a democracia prevaleça. Também defendo, ao contrário de alguns criacionistas, aos quais devo todo o meu respeito, que o lugar para se ensinar criacionismo seja nas aulas de ciência, não de ensino religioso. Afinal, quem deseja passar a ideia de que criacionismo é um pesamento religioso são os evolucionistas. Além disso, os profissionais da área de ensino religioso não estão, na maioria dos casos, habilitados a tratar de forma mais ampla da argumentação científica em prol do criacionismo. Sou favorável a uma abordagem multi-disciplinar do criacionismo - mas o carro-chefe deve ser a área de ciências, em suas múltiplas disciplinas (química, física, biologia).

Quando o assunto receber discussão ampla, não preconceituosa e se ouçam os dois lados o mais imparcialmente possível, avançaremos de forma inteligente, para benefício da sociedade. Infelizmente, mentes atrasadas soem em atacar apaixonadamente o criacionismo e rotulá-lo de forma pejorativa, o que em nada contribui para averiguação racional de seus espectros. Tomara que o exemplo da Coreia do Sul seja proveitoso em algum sentido.

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