quarta-feira, 27 de março de 2013

RETOMANDO A CAMINHADA

O Vaticano escolhe o víeis do carisma para retomar a caminhada rumo à liderança global

No dia 13 de março de 2013, os jornais do mundo inteiro noticiavam a nomeação de Jorge Mario Bergoglio como o 266ª papa. De origem argentina, com 76 anos de idade, é o primeiro jesuíta e o primeiro latino-americano a ser eleito papa.
Analisando a reação dos meios de comunicação a respeito da nomeação do pontífice Francisco, verificou-se uma forte tendência por parte da mídia em supervalorizar suas habilidades carismáticas como simplicidade, informalidade e devoção. Examinando acuradamente essa inclinação midiatica, percebe-se a intenção do Vaticano em querer retomar a sua marcha rumo à lidernaça global pelo viés do carisma. A espectativa é que essa ferramenta proporcione-lhe, de forma mais eficaz, o aumento da sua influência sobre os países e, como consequência, ocorra-lhe a restauração definitiva do seu domínio global, há muito desejado.

O FENÔMENO CARISMA
A busca do carisma parece ter sido o fator preponderante na eleição de novo pontífice. O que parece é que foi uma escolha acertada, pois os meios de comunicação enfatizaram exatamente isso. No programa é notícia da redeTV[1], por exemplo, Leonardo Boff entrevistado por Kenedy Alencar, chegou a afirmar que o novo pontífice liderará a igreja romana de uma forma diferenciada especialmente porque a sua política se centralizará no povo e não na instituição. Isso porque Bergoglio primeiro pediu ao povo que o abençoasse, fato incomum no primeiro pronunciamento de um papa. Ele ainda destaca as primeiras atitudes de Bergoglio ao falar de improviso e não discursar em latim. Atitudes, essas, novas e inesperadas.
Outro exemplo dessa tendência de prestigiar o novo pontífice com atributos excepcionais é encontrado no artigo Um papa que anda a pé publicado no site do Estadão dia 16 de março, por Christian Carvalho Cruz. O articulista ressalta, citando o teólogo jesuíta Jesus Hortal da PUC-SP, que Bergoglio “será o papa da linguagem do povo, da proximidade e da familiaridade”, habilidades extracotidianas num pontificado romano. No site da BBC Brasil, do dia 15 de março, também se verificou a valorização das habilidades extracotidianas de Francisco. David Willey, nessa matéria, dá ênfase à recusa do papa em usar a limusine blindada. Ele preferiu fazer o percurso de ônibus com os outros cardeais. Ainda é dito que ele pagou a conta do hotel em que ficara hospedado com dinheiro do próprio bolso. Já no jornal Zero Hora[2], a ênfase foi na simplicidade dos gestos. Esse jornal até mesmo destaca que essa simplicidade pode mostrar lições essenciais para o mundo empresarial.
Além dessas instituições jornalísticas, várias outras também direcionaram sua atenção às habilidades extracodidiana do novo pontífice. Não resta dúvida que o carisma se tornou o meio pelo qual o Vaticano deseja mostrar-se ao mundo. Se a via do carisma for a trilha que a igreja percorrerá daqui para frente, surgem algumas inquietações que precisam ser observadas.

CARISMA E SUAS IMPLICAÇÕES TOTALITÁRIAS

Em primeiro lugar, de acordo com o arrazoado sobre o carisma de Maurizio Bach[3], existe um objetivo último que se pretende com a utilização desse artifício no processo político ou religioso. Ele argumenta que para se caracterisar, por exemplo, uma pessoa genuinamente caristmática é necessario “por parte de um círculo limitado de pessoas, a crença nas qualidades extracotidianas do pregador ou na personificação de novas ideias de valores” (2011, p. 55). É o que presenciamos de forma nítida na cobertura midiática da eleição de Bergoglio: ênfase exagerada em suas atitudes carismáticas.
Em segundo lugar, Bach salienta que o resultado último desse fenômeno é o poder quase que autoritário, por parte do líder carismático, sobre aqueles que reconhecem as suas virtudes. Para esse pesquisador, a magia carismática produz “uma força poderosa capaz de exercer tamanho fascínio sobre as pessoas ... reforçada ... pela pretensão autoritária de liderança de uma personalidade considerada extraordinária” (2011, p. 58). Como resultado do fascínio do carisma, os dominados exercem uma obediência quase que irrestrita ao líder excepcional, fruto de sua devoção ao absolutismo ou ao extraordinário. Bach assevera ainda que o “carisma ‘força’ a ‘sujeição’ como consequência da lealdade aos valores, [se transformando] em um recurso de poder e passa a constituir, ao mesmo tempo, uma relação de dominação” (2011, p.56).
Diante disso, é preocupante o ressente fascínio produzido pela mídia em relação ao carisma do novo papa. Sabendo que a igreja não renunciou em nenhum momento de sua trajetória política as pretensões de liderança mundial, o discurso carismático manifestado pelo novo pontífice pode anteceder um comportamento totalitário por parte do Vaticano, que seria um processo natural do fenômeno carisma. Assim como ocorreu com indivíduos emblemáticos da história como Hitler, Lenin, Napoleão Bonaparte e muitos outros, o início da caminhada política deles foi marcado por uma forte manifestação carismática, arrebatadora e extracotidiana, semelhante às manifestadas nas ações do novo papa. Porém, ao crescer o poder de influência deles sobre as massas, o que era carisma resultou em totalitarismo exacerbado.

O VATICANO E TOTALITARISMO

Por mais que possa parecer exagero, no século passado, alguns analistas religiosos já denunciavam as diversas tentativas por parte do Vaticano em retomar o domínio totalitário mundial perdido nos períodos da Reforma Protestante, Renascimento e, sobretudo, na Revolução Francesa. Desde o Tratado de Latrão[4] assinado pelo Vaticano e pelo governo italiano em 11 de fevereiro de 1929, no qual Mussolini restaura certos poderes à Igreja Romana, os pontífices romanos subsequentes deram início a marcha de recuperação do poderio perdido.
O interessante é que essa retomada da caminhada rumo à liderança mundial, foi, de forma pioneira, denunciada pela escritora norte-americana Ellen Gold White, há mais de cem anos. No livro O Grande Conflito[5], sua obra mais difundida, ela assevera de forma contundente que o Vaticano fará de tudo para recuperar o domínio exercido no passado. Pois faz parte da política da igreja assumir o caráter que melhor cumpra o seu propósito.
Dentre às várias denuncias que essa escritora faz, a que se refere aos trejeitos piedosos (marca do fenômeno carisma) apresentados pela Igreja Romana, hoje, como meio de atingir os seus objetivos é de suma relevância. White afirma que “a Igreja de Roma apresenta hoje ao mundo uma fronte serena, cobrindo de justificações o registro de suas horríveis crueldades. Vestiu-se com roupagens de aspecto cristão porém, não mudou”. Mais na frente ela assevera que “todos os princípios formulados pelo papado em épocas passadas, existem ainda hoje. As doutrinas inventadas nas tenebrosas eras ainda são mantidas. Ninguém se deve iludir” (2007, p. 571). Ela ainda declarou veementemente que o Vaticano “emprega todo expediente para estender a influência e aumentar o poderio, preparando-se para um conflito feroz e decidido a fim de readquirir o domínio do mundo e restabelecer a perseguição” (2007, p. 566).
Portanto, diante do que foi exposto, infere-se que a escolha do carisma por parte do Vaticano como meio de recuperar o prestígio perdido requer um olhar mais inquiridor sobre as implicações mundiais desse comportamento. Não seria mal observar com mais rigor os passos que a igreja romana vem tomando nesses últimos dias. Pois os efeitos naturais do fenômeno carisma é conduzir quem quer que o utilize ao fortalecimento do seu poder sobre as massas. Redundando como consequência, num domínio totalitário. Será esse o real objetivo da Igreja Romana? Hoje, pode parecer fundamentalista raciocinar dessa maneira. Porém a resposta eficaz e segura para essa pergunta, só futuro nos revelará.

Fonte: http://wandervs.blogspot.com.br/
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[1] Essa entrevista foi veiculada no ar no dia 17 de março às 00:30hs.
[2] Sâmia Frantz. Propostas para Igreja Católica sinalizam o lado gestor do papa Francisco. Zero Hora, 16/03/2013.
[3] Carisma e Racionalismo na Sociologia de Max Weber:In Revista de Sociologia & Antropologia, v.01.01: 51 – 70, 2011 (http://revistappgsa.ifcs.ufrj.br)
[4] MOORE, Marvin. Apocalipse 13: isso poderia realmente acontecer?. 1 ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2013, p. 57.
[5] WHITE, Ellen G. O grande conflito. 1 ed. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2007.

terça-feira, 19 de março de 2013

JOSÉ, O GUARDIÃO: ANÁLISE DA PRIMEIRA HOMILIA DO PAPA FRANCISCO


Jorge Mario Bergoglio teve o nome anunciado ao mundo todo, após a fumaça branca sinalizar a escolha de um novo pontífice no dia 13 de Março. O cardeal argentino foi eleito papa, assumindo o nome de Francisco. O próprio cardeal se revelou surpreso e declarou que o conclave se dignou a ir “até o fim do mundo” para escolher um novo papa.
Ontem, quase uma semana depois da escolha, Francisco debuta em sua primeira missa como suposto representante do apóstolo Pedro, tido pela Igreja católica como o primeiro papa. A premissa, tomada da declaração de Jesus a Pedro – “E eu lhe digo que você é Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja […]” (Mt 16:18, NVI) –, desconsidera uma análise mais detida do texto: há um trocadilho na declaração do Mestre entre o nome Pedro (petrós, pedregulho) e a Pedra (petra, rocha) sobre a qual se edificaria a comunidade cristã. O próprio Pedro não entendeu que seria ele a rocha; afinal, o apóstolo registrou: “À medida que se aproxima dele, a pedra viva – rejeitada pelos homens, mas escolhida por Deus e preciosa para ele […]” (1 Pe 2:4, NVI).

 Na homilia proferida em sua entronização, Francisco escolhe a personagem José, pai humano de Jesus e o santo da ocasião. Seu papel é destacado como o de alguém que seria o guardião tanto de Jesus, quanto de Maria. Um desempenho, portanto, mais passivo de José parece perpassar a compreensão do pontífice, acompanhando a tradição católica que destaca a figura de Maria. Aliás, ainda seguindo a tradição, José é mencionado como guardião da igreja, prefigurada em Maria. Essa relação entre Maria e a Igreja também não é bíblica. O único texto que, se mal compreendido, favoreceria essa concepção está em Ap. 12:5. A mulher que dá à luz ao menino, nesse contexto, representa o povo de Deus, que permanece ao longo do capítulo, e em diversas eras, continuamente perseguido por Satanás (o dragão) e seus agentes. Se a mulher fosse literalmente Maria, como os católicos, que acreditam em sua perpétua virgindade explicariam Ap. 12:17, que menciona “o restante da descendência da mulher”? Vale ressaltar que a Bíblia apenas afirma que Maria e José não se relacionaram sexualmente antes que Jesus nascesse. Ainda assim, o contexto de Ap. 12 não dá espaço para interpretarmos que a mulher se refira à Maria.

 Francisco discorre sobre o sentido mais amplo desse cuidado do qual José seria o exemplo: “Entretanto a vocação de guardião não diz respeito apenas a nós, cristãos, mas tem uma dimensão antecedente, que é simplesmente humana e diz respeito a todos: é a de guardar a criação inteira, a beleza da criação, como se diz no livro de Gênesis e nos mostrou São Francisco de Assis: é ter respeito por toda a criatura de Deus e pelo ambiente onde vivemos.” A menção ao cuidado da criação se alinha com preocupações ecológicas e com a tendência romana de tomar parte em iniciativas como o dia da Terra. Ao mesmo tempo, a referência a Francisco de Assis justifica a escolha do nome do novo papa (que não pertence à ordem que leva o nome do santo, mas que é, em verdade, um jesuíta).

Continuando na linha de seu antecessor, Francisco apela por mudanças político-econômicas. Ouça seu apelo: “Queria pedir, por favor, a quantos ocupam cargos de responsabilidade em âmbito económico, político ou social, a todos os homens e mulheres de boa vontade: sejamos ‘guardiões’ da criação, do desígnio de Deus inscrito na natureza, guardiões do outro, do ambiente; não deixemos que sinais de destruição e morte acompanhem o caminho deste nosso mundo!” Outro ponto de contato com Bento XVI está na ênfase na esperança, que deve ser oferecida “perante tantos pedaços de céu cinzento”, onde “há necessidade de ver a luz da esperança e de darmos nós mesmos esperança.”

 Finalmente, o líder da Igreja Católica reflete sobre o significado do pontificado, que seria um poder dado por Jesus, “um poder para servir”. E conclama a todos para se unirem à sua jornada: “Guardar Jesus com Maria, guardar a criação inteira, guardar toda a pessoa, especialmente a mais pobre, guardarmo-nos a nós mesmos: eis um serviço que o Bispo de Roma está chamado a cumprir, mas para o qual todos nós estamos chamados, fazendo resplandecer a estrela da esperança: Guardemos com amor aquilo que Deus nos deu!”

 Sem dúvida, as afirmações do novo papa são surpreendentemente alinhadas com a tradição católica, o que frustrará os setores mais progressistas. Além disso, o potencial ecumênico de seu discurso mostra que ele se enquadra mais na linha de João Paulo II, o líder carismático, do que na de Bento XVI, o papa emérito. Resta saber como seu pontificado se encaixará no quadro profético (Ap 13:3-8).
O discurso do papa pode ser lido na íntegra aqui.
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segunda-feira, 18 de março de 2013

SEMPRE PELO CERTO

A academia onde eu tinha aulas de Judô havia se mudado para o centro da cidade, em um teatro. Pessoas novas e velhos conhecidos se encontravam ali. Principalmente, tia Hilda continuava lá. Ela era tanto a dona da academia, como a faixa preta mais simpática da história do esporte! Ela me conhecia desde os meus quatro anos.
Tia Hilda sabia de meu gênio forte e, ao mesmo tempo, da minha reputação de fazer as coisas de modo correto. Meus pais me ensinaram isso – evitar problemas e ser honesto. Mas eu estava agora na adolescência e tinha algumas coisas para “provar”.
Lembro-me de uma tarde em especial. Eu e outro colega estávamos conversando na fila, esperando chegar nossa vez para realizar a atividade. Foi nesse momento que ele me desafiou. Apontou para um menino e disse que eu seria incapaz de derrubá-lo. Tratava-se de um lutador novato, magro, um faixa-branca. Eu já devia ser faixa laranja, cheio de moral. Logo, derrubá-lo seria moleza!
Fui até o menino e, sem muito aviso, apliquei-lhe um golpe que o levou ao tatame. Simples assim. Voltei para a fila e eu e alguns colegas rimos daquilo. Infelizmente, o que eu não esperava aconteceu.
Nem sempre tia Hilda estava conosco. Justamente naquela tarde, ela acompanhava os exercícios, quando o rapaz que eu derrubei foi se queixar com ela. Lembre-se de que ela sabia da minha reputação. Tia Hilda não teria nenhuma dificuldade em me defender. E ela fez isso. Falou para o rapaz na minha frente que eu jamais faria aquilo, a não ser que fosse provocado.
Ouvir aquela declaração poderia ter me enchido de orgulho – no entanto, fez o contrário. Eu me senti arrasado e confessei que não houve motivo para aplicar aquele golpe. Senti-me envergonhado com a expressão frustrada no rosto de tia Hilda. Ela comentou algo, mas já não me recordo das palavras que ela usou. Mas o sentimento, a cor, o jeito como ela disse, isso ficou gravado. Eu a havia decepcionado.
Sempre corremos o risco de desanimar a outros, por não correspondermos às expectativas. Mas esse não é o problema. Devemos manter a consciência tranquila de estarmos sendo justos e fazer o que é o correto. Às vezes, fazer apenas uma coisa errada destrói a boa imagem que as pessoas tenham de nós. Principalmente, devemos ser bons pensando que é essa é a vontade de Deus para nós: “E não cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos, se não desanimarmos.” (Gl 6:9, NVI). O mais importante, é fazer o que é certo e agradar ao nosso Senhor.

quarta-feira, 13 de março de 2013

A VIDA SEM SUBSTITUTOS SERIA IGUAL?


Não me perguntem quando foi. Ou a minha idade na época. Só consigo me lembrar de que a passagem que ligava a casa dos meus pais à da vizinha não havia sido fechada. Afinal, a casa ao lado era dos meus tios, dois irmãos que moravam juntos – tio João e tia Bia. Meu irmão Daniel e eu estávamos lá todos os dias.

Quando atravessávamos a passagem, o varal de tia Bia ficava à frente, próximo ao outro muro lateral. Na época, não havia o quartinho que tio João construiu depois de alguns anos e que ainda está lá. Mesmo assim, era um espaço estreito para duas crianças brincarem.
Certo dia, corríamos. Meu irmão, quatro anos mais novo, esbarrou no estepe do varal; as roupas que secavam caíram no piso rústico. Dali a alguns minutos, tia Bia apareceu.
Vendo as roupas no chão, ela se ficou furiosa! Como meu irmão estava ali perto, tomou bronca. Mas algo aconteceu, nem sei explicar direito o motivo.
Interrompi Bia. “Fui eu quem derrubei as roupas.” Era mentira. Porém, surtiu efeito. Minha tia automaticamente mudou – sua zanga agora possuía novo alvo. Ela passou a brigar comigo, enquanto se desculpava com meu irmão – “pobrezinho do bichinho”. Senti-me entre injustiçado e satisfeito.
Altruísmo faz a diferença. Claro que em muitas circunstâncias eu deixei de agir em benefício de outrem. E houve casos nos quais eu fui o beneficiado. Agir com altruísmo significa se colocar no lugar do outro. É pensar na pessoa e atender as necessidades dela na frente da sua. Mas existe algo maior no altruísmo.
Ele não se limita à experiência humana, porque o próprio Deus é tanto fonte de altruísmo, como Ele mesmo deu o maior exemplo de altruísmo. Ao morrer em uma cruz, assumindo a culpa da humanidade, Jesus Se fez nosso Substituto. “Para isso vocês foram chamados, pois também Cristo sofreu no lugar de vocês, deixando-lhes exemplo, para que sigam seus passos.” (1 Pe 2:21). Jesus foi nosso substituto. Agora, ele quer que nos tornemos substitutos das outras pessoas, no sentido de ajudá-las em suas lutas. Afinal, o que seria da vida sem substitutos?