sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

O “EVANGELISMO BIZARRO” SUSTENTA A IGREJA S.A.


Os ministérios e entidades para-eclesiásticas são avaliados levando-se em conta o seu sucesso, que, nesse caso, consiste em popularidade, influência e crescimento de fiéis. Qualquer estratégia é admitida e justificada pelo sucesso alcançado naqueles termos. Talvez o emprego de atividades não-ortodoxas para arrebanhar seguidores explique a divulgação que algumas denominações venham recebendo por parte da imprensa. Grupos de skatistas, festivais de hip-hop, danceterias e raves promovidos por católicos ou evangélicos são divulgados pela estranheza intrínseca de que tais atividades se achem vinculadas com entidades cristãs; afinal, não eram os “moralistas” cristãos que condenavam expressões culturais semelhantes? Ao que parece, os cristãos mudaram de opinião por conveniência, para espanto da sociedade em geral. Poderíamos chamar a nova abordagem proselitista de “evangelismo bizarro”.
Um exemplo da tendência de fazer evangelismo bizarro se nota no campeonato de Vale-Tudo promovido pela Igreja Renascer de Alphaville, SP. Com uma breve pausa para o testemunho do pastor Mazola, que resultou na decisão de 60 jovens por Cristo, o quebra-quebra se estendeu até às 3h30 da madrugada. Entre outras ponderações sobre o episódio, a antropóloga Clara Mafra, pesquisadora da religião, arrematou que a “junção de sagrado e mundano causa estranheza, que pode ser ruim ou ter apelo como bom marketing religioso.” [1]
Mas o evangelismo bizarro apresenta efeitos colaterais, como a banalização do sagrado e o reducionismo da experiência religiosa ao emocionalismo sensacionalista. É como beber água limpa em copo sujo – o meio contamina a mensagem, para prejuízo do Evangelho. [2] Apesar disso, nada indica que o evangelismo bizarro deixe de ser empregado por neo-pentecostais, carismáticos e mesmo por denominações protestantes históricas. A razão? O evangelismo bizarro contribui para potencializar a ganância inescrupulosa de certos líderes cristãos, mais preocupados com o crescimento de suas congregações do que com princípios bíblicos.
A respeito disso, Paulo já havia advertido sobre “homens de mente corrupta, e privados da verdade e que pensam que a piedade é um meio para ganhos financeiros” (I Timóteo 6:5, NIV). Mas é Pedro quem cutuca a fundo a ferida, com suas pesadas mãos de pescador: “Em sua ambição pelo dinheiro, esses falsos mestres vão explorar vocês” (II Pedro 2:3, NTLH).
O apóstolo dedica uma longa seção, na qual denuncia os falsos mestres, que são adúlteros e altamente gananciosos (v. 14), a exemplo de Balaão (v.15), profeta apostatado do Antigo Testamento que se corrompeu por dinheiro. Por ironia, os falsos mestres citados por Pedro prometem liberdade, enquanto eles mesmos se encontram “escravos da corrupção” (v.19). O juízo deles é tão certo quanto o sofrido pelos anjos caídos (v.4), pelo mundo antediluviano (v.5) e por Sodoma e Gomorra (v.6). Muitas pessoas que estavam prestes a “fugir dos que andam no erro” (v.18) acabaram se deixando levar, terminando enganadas por ensinos distorcidos, recebendo por isso o castigo merecido por dar crédito à falsidade, depois de terem a oportunidade de conhecer a verdade (v. 20-22).

Outra consequência: a atuação dos religiosos pervertidos e gananciosos causaria empecilhos à pregação do Evangelho genuíno: “Muitos seguirão suas doutrinas dissolutas e, por causa deles, o caminho da verdade cairá em descrédito.” (II Pedro 2:3, EP). O interessante é que até quando distorcem a mensagem bíblica por ganância, os líderes religiosos contemporâneos acabam confirmando o que a própria Bíblia diz!


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Sobre critérios filosóficos para a música cristã:A música sacra dentro da cosmovisão adventista: interpretando e aplicando conceitos de Ellen White (parte 1 parte 2 parte 3 parte 4)


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